O magnata do hip-hop Sean "Diddy" Combs, de 54 anos, foi preso em setembro de 2024, em Nova York, acusado de tráfico sexual, agressão física, extorsão e outros crimes graves que teriam ocorrido durante os anos 1990 e início dos anos 2000. A prisão do rapper e as acusações contra ele tem gerado bastante repercussão nas redes sociais, além de movimentar vários debates e teorias da conspiração em todo o mundo. Pensando nisto, esta colunista trouxe um apanhado de tudo o que você precisa saber sobre o tema, e a prisão mais comentada no mundo atualmente.
Que é Sean Diddy Combs?
Diddy nasceu em 4 de novembro de 1969, é um magnata do hip-hop, rapper, produtor musical e empresário norte-americano que alcançou fama nos anos 1990. Ele começou sua carreira na indústria da música como estagiário na Uptown Records, rapidamente se destacando como um influente produtor musical.
Em 1993, fundou sua própria gravadora, a Bad Boy Records, onde lançou grandes nomes como The Notorious B.I.G., Faith Evans Mase, Mariah Carey, e Jennifer Lopez. Além de sua carreira como produtor, Diddy também construiu uma bem-sucedida carreira solo, adotando diversos nomes artísticos, como Puff Daddy, P. Diddy e Love.
Seu álbum de estreia, No Way Out (1997), foi um sucesso comercial, ganhando um Grammy. Ao longo dos anos, ele expandiu sua influência para além da música, investindo em moda, com sua marca Sean John, e no ramo de bebidas alcoólicas.
O que levou a sua prisão?
Entre as alegações, promotores afirmam que o rapper usou seu poder e status para coagir mulheres e outros envolvidos a participar de orgias movidas a drogas em festas privadas conhecidas como "freak offs". Combs, negou todas as acusações e declarou sua inocência em diversas ocasiões.
De acordo com os promotores federais, ele criou um "empreendimento criminoso", no qual teria abusado, ameaçado e coagido mulheres, além de outras pessoas próximas a ele, para satisfazer seus desejos sexuais e manter sua reputação.
"Ele usou drogas, violência e o poder de sua posição para atrair vítimas femininas para prolongados atos sexuais em festas conhecidas como 'freak offs'", disseram os promotores.
As festas eram descritas como eventos privados em que Combs teria forçado a participação de várias mulheres e onde drogas como cocaína, metanfetamina e oxicodona eram distribuídas para garantir que os participantes permanecessem "obedientes".
As acusações
A mais recente acusação contra o músico foi feita por Thalia Graves em 24 de setembro de 2024. Graves alega que, em 2001, ela foi drogada, amarrada e estuprada por Combs e seu segurança. Além disso, afirma que as agressões foram filmadas e o vídeo foi compartilhado com outras pessoas.
Em uma coletiva de imprensa, Graves afirmou que os "efeitos duradouros" do ataque fizeram com que ela entrasse em um "ciclo de sofrimento do qual é difícil se libertar". "Às vezes me sinto inútil, isolada e, de alguma forma, responsável pelo que aconteceu comigo", completou.
Essa foi a 11ª acusação formal de agressão sexual contra o músico.
Carreira, luxo e o lado sombrio
Em 2022, durante uma festa luxuosa em sua mansão de Beverly Hills, avaliada em US$ 61 milhões, ele comemorou seus 30 anos na indústria musical. O evento contou com uma lista de convidados repleta de estrelas, incluindo Jay-Z, Travis Scott, Mary J. Blige, Kehlani, Tinashe, Chris Brown e Machine Gun Kelly.
Ele não sabia, mas um ano depois sua carreira começaria a desmoronar devido a uma série de processos judiciais. Em março de 2023, sua mansão em Los Angeles foi invadida pela polícia, que encontrou armas, munições e mais de mil frascos de lubrificantes. Esse incidente deu início a um novo ciclo de investigações que culminou em várias acusações de agressão sexual.
Os processos judiciais
Entre os processos mais notórios, está o da cantora Cassie Ventura, que teve um relacionamento de mais de uma década com Combs. Cassie, que assinou contrato com a gravadora do músico, entrou com um processo civil em novembro de 2023, alegando que Combs usou sua posição de poder para manipular e coagir a relação que mantinham. Segundo ela, o magnata a agredia fisicamente com frequência, "batendo e chutando" a ponto de deixar hematomas, olhos roxos e sangue.
Cassie também relatou ter sido forçada a participar das "freak offs", descritas como festas sexuais movidas a drogas que duravam dias, nas quais Combs coagia as mulheres e filmava as atividades para seu próprio prazer. No processo, a cantora também acusou o músico de destruir um carro do rapper Kid Cudi em uma tentativa de impedir um relacionamento entre ela e ele.
Combs negou veementemente essas acusações, chamando-as de "tentativa de extorsão". No entanto, as partes chegaram a um acordo confidencial apenas um dia após o processo ter sido aberto, sem que o valor do acordo fosse divulgado.
Outros processos surgiram logo após o caso de Cassie. Entre eles, o de Joi Dickerson-Neal, que acusou o rapper de drogá-la e agredi-la sexualmente quando ela era estudante universitária em 1991, alegando ainda que ele filmou a agressão e mostrou o vídeo a outras pessoas sem o seu consentimento. Outra mulher, Liza Gardner, afirmou ter sido estuprada por Combs e um amigo quando tinha apenas 16 anos. Gardner alegou que, dias depois do ataque, Combs a sufocou com tanta força que ela chegou a desmaiar.
Esses processos foram abertos pouco antes do prazo de expiração do New York Adult Survivors Act, uma legislação temporária que permitiu que vítimas de abuso sexual processassem seus agressores mesmo que o prazo de prescrição tivesse expirado. Diante dessas acusações, o porta-voz de Combs descreveu os processos como "ganância por dinheiro", e ele continuou a negar as alegações.
Em dezembro de 2023, uma nova acusação abalou ainda mais o músico.
Uma mulher, identificada apenas como Jane Doe, afirmou ter sido "traficada sexualmente" e estuprada em grupo por Combs, Harve Pierre, ex-presidente da Bad Boy Records, e outro homem em 2003, quando ela tinha apenas 17 anos. Segundo os documentos judiciais, a mulher foi drogada e ficou tão debilitada que mal conseguia ficar de pé após o ataque. Em resposta, Combs afirmou que "não fez nenhuma das coisas horríveis" que foram alegadas contra ele.
O caso de Combs ganhou ainda mais destaque em fevereiro de 2024, quando o produtor musical Rodney Jones Jr. entrou com um processo contra o rapper. Jones afirmou que Combs o teria forçado a contratar prostitutas e participar de atos sexuais com elas, além de tentar "prepará-lo" para fazer sexo com outro homem, alegando que isso era "uma prática comum na indústria musical". O advogado de Combs, Shawn Holley, chamou as alegações de "pura ficção" e assegurou que seriam desacreditadas por "provas esmagadoras'.
Novas provas surgem
Em maio de 2024, imagens de câmeras de segurança mostrando Combs agredindo Cassie Ventura em um hotel de Los Angeles em 2016 foram divulgadas pela CNN. O vídeo mostrava o músico empurrando Cassie no chão e a chutando enquanto ela estava caída. Mais tarde, ele a arrastou pelo corredor e jogou um objeto nela. Após a divulgação das imagens, Combs emitiu um pedido de desculpas: "Assumo total responsabilidade por minhas ações naquele vídeo. Fiquei enojado quando fiz isso. Estou enojado agora". Cassie, por sua vez, afirmou que a violência que sofreu "a reduziu a uma pessoa que nunca imaginou se tornar".
Outro processo relevante foi movido em maio de 2024 pela ex-modelo Crystal McKinney, que acusou o rapper de tê-la drogado e forçado a fazer sexo oral em um banheiro de estúdio em Nova York em 2003. Dias depois, uma nova acusação surgiu de April Lampros, que afirmou ter sido abusada sexualmente por Combs em quatro ocasiões diferentes entre 1995 e os anos 2000.
Prisão e julgamento
Combs foi preso em 16 de setembro de 2024 em um hotel em Manhattan após uma acusação formal do grande júri. Seu advogado afirmou que o músico havia cooperado com as autoridades e se mudado voluntariamente para Nova York em antecipação às acusações. "Esses são os atos de um homem inocente sem nada a esconder", declarou. Em uma audiência no Tribunal Distrital dos EUA, Combs foi acusado de tráfico sexual, extorsão e transporte de pessoas para prostituição.
As alegações incluíam detalhes das "freak offs", descritas como "performances sexuais organizadas e prolongadas", nas quais prostitutas eram contratadas, drogas eram distribuídas e as vítimas eram filmadas para fins de chantagem.
Os promotores também argumentaram que Combs representava um "risco significativo" para o julgamento, citando seu histórico de tentativa de obstrução da investigação e contatos anteriores com testemunhas. Sua fiança foi negada três vezes, e ele segue detido no Metropolitan Detention Center, aguardando seu julgamento, previsto para o dia 05 de maio de 2025.