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Quem são os canibais que estão no mesmo presídio de Deolane Bezerra

O trio pertencia a uma seita que defendia a purificação do mundo e a redução da população, numa combinação perversa de delírio e brutalidade

A recente detenção da influenciadora e advogada Deolane Bezerra na Colônia Penal Feminina de Buíque, no agreste pernambucano, trouxe à tona um dos casos mais aterrorizantes da história criminal brasileira: os "Canibais de Garanhuns". O nome remete a um trio que chocou o país em 2012 ao cometer crimes de esquartejamento, canibalismo e ocultação de cadáver. Duas integrantes desse grupo sinistro, Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva, compartilham agora o mesmo presídio onde Deolane cumpre sua pena.

Quem são eles?

O caso dos "Canibais de Garanhuns" se destacou pela frieza e crueldade dos criminosos. Isabel, Bruna e Jorge Beltrão Negromonte da Silveira foram condenados pela morte e esquartejamento de três mulheres, utilizando a carne das vítimas em empadas e coxinhas, vendidas na região. 

Foto: Anna Tiago/G1 - Trio de canibais

O trio (trisal), que também mantinha um relacionamento conjugal, pertencia a uma seita bizarra chamada Cartel, que defendia a purificação do mundo e a redução da população, numa combinação perversa de delírio e brutalidade.

As investigações

Tudo começou de forma silenciosa, com o desaparecimento de Giselly Helena da Silva, cujos familiares notaram sua ausência repentina. No entanto, foi o uso irregular de seu cartão de crédito que acendeu o alerta nas autoridades. As compras frequentes em lojas locais levaram a policia a uma investigação que culminou em uma descoberta macabra. Ao seguir essa pista, chegaram à porta de uma casa em Garanhuns, onde o horror aguardava.

Foto: Reprodução/SBT- Casa dos canibais

Ao revistarem a residência, os policiais se depararam com corpos enterrados no quintal e logo descobriram que as vitimas haviam sido brutalmente assassinadas, esquartejadas e suas carnes utilizadas no preparo de salgados vendidos à população. 

As investigações revelaram que o grupo iniciou sua série de crimes em 2008, quando atraíram Jéssica Camila da Silva Pereira, uma jovem de apenas 17 anos que vivia nas ruas, com a promessa de abrigo.

Foto: Reprodução/SBT- Local onde possivelmente o trio teria feito as empadas

Pertubador

Jéssica foi assassinada, esquartejada, e partes de seu corpo foram consumidas pelos assassinos, enquanto o restante foi utilizado para fazer empadas e coxinhas. O detalhe mais perturbador? A filha de Jéssica, então com apenas um ano, foi alimentada com a carne da própria mãe sem saber.

Outras vítimas

Quatro anos depois, em 2012, o trio voltou a agir, desta vez vitimando Giselly Helena da Silva e Alexandra da Silva Falcão. Ambas seguiram o mesmo destino trágico: atraidas, assassinadas a peixeiradas, desmembradas e usadas em mais salgados. Giselly foi morta no dia 25 de fevereiro, e Alexandra, em 12 de março. O padrão era claro, e o ritual macabro se repetia.

Além dos corpos no quintal, as autoridades encontraram uma testemunha inesperada: a filha de Jéssica, agora com cinco anos, ainda vivia com o trio. Foi ela quem, em uma chocante revelação ao delegado, deu detalhes precisos dos crimes, permitindo à policia localizar os cadáveres.

Foto: Reprodução/SBT- Quintal da casa onde ficava os restos mortais

O grupo ainda planejava uma quarta morte, que, segundo suas crenças, abriria um "portal para o paraíso". Contudo, a prisão do trio impediu que o ciclo fosse concluído, salvando a próxima vítima de um destino igualmente horrível.

Como as vítimas foram atraídas?

As vítimas foram atraídas pela falsa perspectiva de trabalho e proteção. Jéssica Camila da Silva Pereira, de apenas 17 anos, foi a primeira vítima identificada. Em julho de 2008, a jovem, que vendia bombons nas ruas do bairro de Boa Viagem, no Recife, viu uma chance de melhorar de vida ao aceitar a oferta de Jorge Beltrão e Isabel Pires para trabalhar como doméstica em sua casa, em Olinda.

Foto: Diario de Pernambuco-As vítimas 

Dois meses após iniciar o serviço, Jéssica esboçou o desejo de ir embora. Foi então que sua vida foi brutalmente interrompida. Após ser assassinada, o casal se alimentou de sua carne, e a filha de Jéssica, na época com dois anos, também foi alimentada com o corpo da própria mãe. 

A segunda vítima, Giselly Helena da Silva, desapareceu em 25 de fevereiro de 2012. 

Aos 31 anos, ela acreditou ter encontrado uma boa oportunidade ao ser contratada pelo casal para cuidar da filha que eles criavam. Animada com o novo emprego, que prometia um salário acima da média, ela mal sabia que sua vida estava em perigo.  Antes de sua morte, a criança teria afirmado que Jorge considerava Giselly uma pessoa má, motivo pelo qual ele decidiu matá-la.

Foto: Reprodução/SBT-Objeto das vitimas 

A terceira vítima

Menos de um mês depois, em 12 de março de 2012, Alexandra Falcão da Silva, de 20 anos, foi a última vítima. Assim como Giselly, ela foi atraída pela promessa de emprego e começou a trabalhar para Jorge e Isabel, aceitando cuidar de uma idosa e da criança. 

No entanto, a jovem não teve tempo sequer de se adaptar ao trabalho. No mesmo dia em que começou, Alexandra foi brutalmente assassinada, repetindo o ciclo de horror que já havia vitimado Giselly. Sua confiança na oferta de emprego, firmada em um simples encontro dentro de um ônibus com Isabel, selou tragicamente seu destino.

Foto: Diego Nigro/Folhapress-Banheiro da casa onde o trio teria matado e esquartejado as vitimas 

O julgamento

Em 2014, após um longo julgamento que durou mais de vinte horas, o trio foi condenado pelo assassinato da jovem Jéssica Camila, de apenas 17 anos. Dois anos depois, em um segundo julgamento, foram sentenciados pela morte de Alexandra Falcão da Silva e Gisele Helena da Silva, resultando em penas de 71 anos para Jorge e Bruna, e 68 anos para Isabel. 

"Um dos principais desafios foi desmentir qualquer alegação de insanidade mental dos réus", afirma o promotor do caso André Rabelo.

Foto: Reprodução/Google-Assasinos sendo julgados 

Os assassinatos foram, na verdade, motivados pela crença distorcida do trio em sua seita. Mesmo após mais de uma década, o horror dos "Canibais de Garanhuns" persiste na memória coletiva, marcado por detalhes perturbadores, como o fato de que uma das vítimas era mãe de uma criança de cinco anos, que viveu sob o mesmo teto dos assassinos sem imaginar o que havia ocorrido.

Foto: Reprodução/SBT-objetos que o trio teria usado para matar e esquartejar as vitimas 

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