Celebra-se, hoje, o Dia Mundial da Não-Violência Contra a Mulher, uma data fixada pela ONU em 25 de Novembro de 1999, há vinte anos, portanto, tendo como simbologia a tragédia das três irmãs Mirabal, notórias ativistas políticas, assinadas na República Dominicana pela truculenta polícia secreta do ditador Rafael Leónidas Trujillo, que comandou uma cruel ditadura naquele país, de 1930 a 1961.
As irmãs Mirabal se converteram em um símbolo contra a violência de gênero. "Se me matam, levantarei os braços do túmulo e serei mais forte".
Com esta frase, a ativista Minerva Mirabal, da República Dominicana, respondeu aos que a advertiram de que o regime do presidente Rafael Leónidas Trujillo iria matá-la, no início da década de 1960.
O alerta se concretizou pouco depois. Em 25 de novembro de 1960, seu corpo foi encontrado no fundo de um barranco, no interior de um jipe, junto com os corpos de suas irmãs, Patria e Maria Teresa, e do motorista Rufino de la Cruz.
As mulheres foram enforcadas e depois espancadas para que quando o veículo fosse jogado no precipício a morte parecesse resultado de um acidente de carro.
A promessa de Minerva parece ter sido cumprida: a morte das irmãs nas mãos da polícia secreta dominicana é considerada por muitos um dos principais fatores que levou ao fim do regime trujillista.
E os nomes das irmãs Mirabal se converteram em um símbolo mundial da luta da mulher.
Conhecidas como "Las Mariposas" (as borboletas), essas mulheres nascidas em uma família rica da província dominicana de Salcedo (hoje chamada de Hermanas Mirabal) tinham formação universitária, maridos, filhos e cerca de uma década de ativismo político na época em que foram mortas.
Duas delas, Minerva e Maria Teresa, já haviam passado pela prisão em várias ocasiões. Uma quarta irmã, Bélgica Adela "Dedé" Mirabal, que morreu em 2014, tinha um papel menos ativo na oposição e conseguiu salvar-se.
A cada 25 de novembro, a força de Minerva, Patria e María Teresa se faz sentir. A data foi declarada pelas Nações Unidas como o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher, em homenagem às três irmãs.
É bom que se tenha uma data mundial para se fazer refletir sobre a questão da violência contra a mulher, que tem crescido de forma assustadora, conforme mostram as estatísticas colhidas em várias partes do planeta.
No Brasil, essa violência, caracterizada como Feminicídio, tem crescido de maneira espantosa. Conforme mostra o Atlas da Violência no Brasil/2019, produzido pelo IPEA, tendo como base o IBGE e comparando a década até 2017, a morte de mulheres só fez aumentar. Em 2017, 4.936 mulheres foram assassinadas, o maior volume já registrado desde 2007, com uma média de 13 mulheres mortas diariamente. Na década compreendida entre 2007/2017, a morte de mullheres no Brasil teve uma evolução de 30.7%, e apenas em 2017 cresceu 6,3%, uma condição que tem chamado a atenção da mídia, dos operadores e dos pesquisadores que se dedicam à questao da segurança no Brasil.