O 11 de março continua sendo um dia de tristes lembranças para o povo espanhol. Foi nessa data, há exatos 15 anos, em 11 de março de 2004, que uma série de explosões em três diferentes estações de trens e metrô de Madrid, a Capital espanhola, deixou o impressionante saldo de 199 pessoas mortas e mais de 1 mil e 400 pessoas feridas. O ato inicialmente foi apontado como de iniciativa da Organização Separatista Basca (ETA), mas investigações posteriores descartaram tal envolvimento, passando a ser atribuído à responsabilidade de grupos islâmicos. O ETA, criado em 1959 durante a ditadura do General Franco, foi oficialmente desfeito em 2018, quando suas lideranças anunciaram o fim do movimento considerado terrorista. Ao ETA, ao longo da história de atuação, é atribuído um total de 850 mortos.
Quatro explosões ocorreram a bordo de quatro vagões entre as 7h30 e 8h locais (3h e 4h de Brasília), duas na estação ferroviária central de Atocha, em pleno coração de Madri, outro na estação de El Pozo del Tío Raimundo e a quarta em Santa Eugenia, dois bairros operários da periferia madrilenha, por onde passa a linha de trens Madri-Guadalajara.
Os feridos foram atendidos em hospitais de campanha organizados, em caráter de urgência de guerra, nos arredores dos locais atingidos e em grandes hospitais de Madri como o 12 de Octubre e Gregorio Marañó. A solidariedade da população de Madrid mostrou-se uma coisa espantosa, a ponto de as autoridades locais pedirem que os madrilenhos parassem de tentar doar sangue, pois o estoque feito nas primeiras horas após os ataques já era mais do que suficiente e não havia mais lugar para armazenar as doações.
Os ataques de 11 de março, uma quinta-feira, aconteceram quatro dias antes das eleições gerais, marcadas para domingo. Todos os partidos políticos cancelaram atividades eleitorais previstas para o dia e os próximos momentos, e o governo conclamou a população e integrantes de partidos para uma manifestação pela paz. O governo decretou três dias de luto em toda a Espanha.
Nos atentados de Madrid foram localizados dois brasileiros feridos.
O primeiro brasileiro identificado no próprio dia da tragédia, quinta-feira, como vítima do ataque terrorista, foi Adeildo dos Santos. A busca dos representantes da Embaixada por mortos ou feridos brasileiros continuou pelos hospitais da capital espanhola.
Um segundo brasileiro foi localizado em seguida, mas a família não permitiu identificação do ferido.
Em 2014, quando se passaram dez anos dos atentados, a Espanha lembrou com homenagem aos seus heróis que ajudaram no atendimento às vítimas, e aos familiares dos 199 pessoas que morreram. Nas homenagens, as autoridades anunciaram que os grupos jihadistas continuavam na linha de tiro, como responsábveis pelos atentados.
Enquanto o governo conservador de José Maria Aznar acusava o ETA pelo ocorrido, os atentados foram reivindicados na mesma noite por um grupo da Al-Qaeda.
O país entrou em choque ante a violência dos ataques: no dia seguinte, mais de onze milhões de pessoas, um espanhol a cada quatro, saem às ruas para protestar contra o terrorismo.
Mas a obstinação do governo de acusar o ETA era o sinal da derrota de José Maria Aznar, que alguns dias após, nas eleições parlamentares, perde o poder, contra todas as probabilidades, para o socialista José Luis Rodríguez Zapatero.
Logo após tomar posse, o novo chefe de governo ordena a retirada das tropas espanholas do Iraque, enquanto que seu antecessor foi um dos principais apoiantes da operação militar conduzida pelos Estados Unidos.