Na data de hoje são decorridos 60 anos do extraordinário feito esporte brasileiro, pois num dia como o de hoje, em 17 de junho de 1962, que Brasil conquistava, no Chile, a sua segunda Copa do Mundo de Futebol, após se sagrar campeão no evento anterior, quatro anos antes, em 1958, na Suécia.
Antes da competição em que o Brasil se sagrou bicampeão, o evento no Chile esteve ameaçado de ser realizado, em virtude um terremoto na cidade de Talca, no dia 21 de maio de 1960. Porém, uma ação conjunta de outras federações estrangeiras ajudou os chilenos a superarem a tragédia para a realização do campeonato. Na fase de grupos, o Brasil derrotou o México por 2 a 0, depois empatou com a Tchecoeslováquia sem gols e, pela terceira partida, venceu a Espanha por 2 a 0. Na fase do mata-mata, ganhou da Inglaterra por 2 a 0, depois bateu o Chile por 4 a 2 e, na final, no reencontro com a Tchecoeslováquia, o time verde-amarelo levou a melhor por 3 a 1, com gols de Amarildo, Zito e Vavá. Pelé, que já era uma das principais figuras do futebol mundial na época, sofreu uma lesão no segundo jogo e ficou de fora do restante do campeonato. Garrincha, seu companheiro de equipe, assumiu a condição de estrela do torneio.
Quatro anos depois de ter surpreendido o mundo do futebol com um time de sonhos, sobretudo com o então menino Pelé, de 17 anos, e um gênio de pernas tortas chamado Garrincha, o time brasileiro campeão do mundo na Suécia, em 1958, voltava como favorito ao título da Copa organizada pelo Chile, em 1962.
O futebol de Pelé estava no apogeu e o Santos, clube do supercraque, deslumbrava plateias nas Américas e na Europa. O Botafogo de Garrincha e Nílton Santos não ficava atrás. O time do Brasil estava um pouco mais velho e algo modificado em relação à Copa anterior.
O técnico, desde 1961, era Aimoré Moreira, e a zaga era composta pelo santista Mauro e pelo banguense Zózimo. No mais, entrou nos campos chilenos a mesma orquestra de 1958, até mesmo com Zagalo na ponta-esquerda, pois o santista Pepe, então titular indiscutível, machucou-se às vésperas da Copa.
Pela primeira vez, as imagens dos jogos chegaram para os brasileiros na íntegra, gravadas em videotape e exibidas na TV um dia depois da partida. Os jogadores não decepcionaram, encantando os amantes do futebol arte com gols sensacionais.
Isso sem contar com aquele que se consagraria como o Rei do Futebol, mostrando que a seleção brasileira não dependia de seus gols, enquanto hoje é dependente de Neymar.
Pelé não chegou a fazer nenhum gol - saiu da Copa contundido no segundo jogo. O botafoguense Amarildo, que o substituiu, garantiu a presença da seleção brasileira nas quartas de final, ao fazer dois gols de virada contra a Espanha.
A partir daí, Garrincha assumiu a batuta. O Brasil venceu a Inglaterra nas quartas de final (3x1), o Chile na semifinal (4x2) e a Tchecoslováquia (3x1) na partida que rendeu ao país o bicampeonato.
Garrincha, a "alegria do povo", deu um baile. Melhor ponta direita da história do futebol, Garrincha jogou a final com febre de 38 graus. Disputada no Estádio Nacional de Santiago do Chile, no dia 17 de junho de 1962, a decisão não teve gols de Garrincha, convertidos por Amarildo, Zito e Vavá na sensacional vitória sobre os tchecos de virada, por 3 a 1, após Masopust abrir o placar.
Mas coube a Manuel Francisco dos Santos, o imortal Garrincha, o "Anjo de pernas tornas" nascido em Pau Grande (em Magé, na subida da Serra do Rio), ajudar a comandar a seleção canarinho na decisão em que o Brasil conquistou o tão sonhado bicampeonato mundial no Chile.