O dia 04 de Fevereiro tem grande significado para a história da aviação, pois nos traz à lembrança o nome François Reichelt , um austríaco nascido em Viena no ano de 1879, e que morreu nesta data, em 04 de Fevereiro de de 1912. François é simplesmente o homem que inventou um tipo de paraquedas que conseguiu reduzir drasticamente o número de pilotos mortos em todo o mundo. Em 1898, mudou-se para a capital francesa, onde aprendeu o ofício de alfaiate e abriu o seu próprio ateliê, em 1907.
Com o advento dos aeroplanos, número de aviadores mortos em acidentes aumentava cada vez mais. Para se ter uma ideia, foram 34 aviadores mortos em 1910, 73 em 1911 e chegariam a 140 as vítimas fatais em 1912. Os primeiros paraquedas ainda eram antiquados e inseguros, não sendo praticáveis para o uso na aviação. Contudo, Reitchelt teve uma ideia: desenvolver um traje que permitiria ao piloto deixar a aeronave em caso de emergência e planar suavemente em segurança até o solo.
Com este propósito, em julho de 1910, Reichelt começou a desenvolver o seu traje especial. Apresentou o seu primeiro protótipo a um aeroclube francês, mas se recusaram a testá-lo, alegando que o mesmo não era resistente. Também o aconselharam a desistir do projeto.
Franz, então, decidiu testá-lo por conta própria. Inicialmente, obteve bons resultados atirando manequins vestidos com o estranho traje, do quinto andar do prédio onde morava. Mas os resultados ainda eram insatisfatórios. Ele queria a perfeição. E mais, queria os 10 mil francos oferecidos pelo L’Aero-Club de France, em 1911, como prêmio pelo melhor projeto de paraquedas apresentado. Refez cálculos e desenhos e só achou um possível culpado: a baixa altura das plataformas de testes. Mas onde conseguir um lugar mais alto em Paris? A resposta é óbvia: A Torre Eiffel, na época, a estrutura mais alta da Terra.
O inventor de balões Gaston Hervieu já havia sido autorizado a testar um modelo seu de paraquedas, entre 1910 e 1911, utilizando bonecos, na Torre Eiffel. No ano seguinte, depois de meses de insistência, Franz conseguiu autorização do prefeito da polícia de Paris, Louis Lépine, para testar o seu traje, utilizando manequins. No entanto, corria o boato que o próprio Franz saltaria. Será que ele teria coragem?
As 7 horas da manhã daquele domingo de 4 de fevereiro de 1912, Franz Reichelt chegava de carro, acompanhado por dois amigos e os rumores são confirmados: Franz veste seu traje e fará o salto. Apesar da tentativa de amigos e testemunhas em fazê-lo desistir, Franz decide prosseguir com o teste. Indiferente ao frio de 0°C e do forte vento, centenas de pessoas, avisadas na véspera, se acotovelam aos pés da torre para assistirem ao salto. Duas câmeras de filmagem, algo raro na época, também estavam a postos para registrar a façanha do alfaiate.
Precisamente às 08h22min, Franz salta do primeiro pavimento, situado a 60 metros de altura, de frente para o Sena. Após 5 segundos ele atinge o solo – o traje falhou. O impacto é tão forte, que abre um buraco considerável no chão de, aproximadamente, 15 cm.
O homem sempre sonhou em voar e planar como os pássaros. Ícaro é a representação mitológica desse anseio humano. Junto com os primeiros balões, parte dessa ambição foi alcançada, mas ainda estávamos à mercê dos ventos. Com a invenção da dirigibilidade pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, começávamos realmente a conquistar os céus. No início do século XX, aparecem os primeiros aeroplanos, porém eles eram precários e perigosos. O que fazer então? Os protótipos de paraquedas, que há anos eram testados, foram apontados como o principal meio de se aumentar e segurança em voo. Porém, toda inovação cobra o seu preço. Franz Reichelt que o diga.
As pessoas correm em sua direção e o encontram já morto. Braço e perna direita esmagada, crânio e coluna vertebral quebrados, e os olhos abertos e dilatados de terror. Franz é levado até o hospital Necker para constatação oficial da morte. Feita a autópsia para atestar a causa mortis do alfaiate, qual não foi a surpresa ao descobrirem que ele havia tido um ataque cardíaco durante a queda. Franz Reichelt já chegou morto ao solo. No dia seguinte, Paris é invadida pelas imagens do voo fatal do “Alfaiate Voador”.