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Fernanda Montenegro, aos 90, é celebrada como grande dama do teatro

Este 16 de Outubro marca os 90 anos de vida da atriz Fernanda Montenegro.

Este 16 de Outubro marca os 90 anos de vida da atriz Fernanda Montenegro, uma intérprete de qualidades excepcionais, com marcante atuação também no cinema e na televisão, além de ser uma mulher de grande conhecimento e de uma atitude ética que a faz ser respeitada quase que de modo unânime.

Fernanda nasceu em Cascadura, subúrbio do Rio, em 16 de outubro de 1929 e recebeu no batismo o nome de Arlete. Sua mãe era dona de casa e o pai um excelente operário, com estudos de mecânica. Homem sensível e carinhoso, exerceu grande influência sobre Fernanda e suas duas irmãs. Aos 14, 15 anos, porém, Fernanda, ainda no colégio, inscreveu-se num concurso como locutora na Rádio Ministério da Educação e Cultura;

Ali Arlete ficou dez anos. Era locutora e atriz de rádio-teatro. Logo, porém, começou a escrever e foi quando, ela própria, inventou o pseudônimo de Fernanda Montenegro. Ao lado da Rádio Ministério havia a Faculdade de Direito, onde havia um grupo de teatro amador. Fernanda se ligou a eles. O professor Adauto, ensaiador à moda antiga, gostou da garota e a chamou para uma participação no Teatro Ginástico.

Em 1953 Fernanda se casou com Fernando Torres, seu colega. Dessa união nasceram dois filhos: Cláudio e Fernanda, também atriz. Trabalhando juntos, resolveram em 56 ir para o T.B.C. Iam bastante a S.Paulo e ali participavam também do "Grande Teatro Tupi", às segundas feiras.

Seu primeiro trabalho no cinema foi como dubladora em Mãos Sangrentas (1955) e depois, como atriz, estreou em A Falecida.

Fernanda Montenegro é a única brasileira indicada ao Oscar em categoria de atuação, primeira a ganhar um prêmio Emmy como melhor atriz e tem personagens fortes em quase 80 filmes, novelas e minisséries e centenas de peças de teatro.

De todos os papéis da vida de Fernanda Montenegro, o de Dora, em Central do Brasil, é disparado o mais famoso. E por uma razão simples: por conta dele, a atriz tornou-se conhecida no mundo todo. Além de conquistar o Leão de Prata de melhor atriz no prestigiado Festival de Veneza, ela concorreu ao Oscar de Melhor Atriz, que acabou nas mãos Gwyneth Paltrow por uma insossa atuação no ainda mais insosso Shakespeare Apaixonado. Uma das maiores injustiças da história do Oscar.

Fernanda Montenegro é o tipo de atriz que sabe a hora exata de colocar sua intensidade a serviço do personagem. A sofrida Romana de Eles Não Usam Black-tie é um excelente exemplo disso. Baseado na peça de Gianfrancesco Guarnieri, o filme dirigido por Leon Hirszman venceu o Leão de Ouro de melhor filme no Festival de Veneza. Um verdadeiro marco do cinema brasileiro. Tanto que consta em diversas listas de críticos como um dos melhores filmes nacionais de todos os tempos.

Até o final deste ano, ela estreia dois filmes. E guarda um terceiro para 2020.

Crédito: Eduardo Nicolau/Estadão

No teatro, a atuação de Fernanda Montenegro na montagem da tragédia Fedra, escrita originalmente pelo romano Sêneca por volta do ano 54 D.C. foi tão marcante que até Roberto Alvim, o atual diretor da Funarte que ofendeu a atriz nas redes sociais, admitiu ter decidido fazer teatro depois de vê-la no palco, em 1986. A montagem dirigida por Augusto Boal com base no texto do francês Jean Racine, traduzido por Millôr Fernandes, foi um fenômeno por onde passou. Muito por conta da estilo imposto por Millôr, que deixou o texto mais acessível e moderno, e a atuação simplesmente hipnótica de Fernanda.

Na televisão, Fernanda Montenegro tem papéis exponenciais, como sua interpretação de Maria, na mini-série, depois transformada em filme, O Auto da Compadecida. Embora tenha sido apenas uma “participação especial”, ela consegue fazer que todo mundo lembre dela como um dos destaques da produção, graças ao seu talento inegável, mas principalmente de seu carisma.

Crédito: Eduardo Nicolau/Estadão

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