Um estudo encomendado pelo governo de Porto Rico e divulgado em 2018, um ano depois da tragédia, revelou que o Furacão Maria, que começou a varrer a costa dessa ilha do Caribe exatamente no dia 20 de Setembro de 2017, deixou um saldo extraordinário de 2.975 pessoas mortas e prejuízos materiais próximos aos 100 bilhões de dólares.
Estima-se que o furacão Maria, a tempestade mais poderosa a atingir o território em quase 90 anos, atingiu cerca de 70 por cento de todo o território e durou por quase uma semana.
O relatório indica que 2.975 mortes podem ser diretamente ou indiretamente atribuídas ao Maria a partir do momento em que o furacão atingiu Porto Rico em setembro de 2017 até meados de fevereiro de 2018, em virtude de suas consequências, com base em comparações entre mortalidades previstas sob circunstâncias normais e mortes documentadas após a tempestade.
Na verdade, um tremendo furacão foi a porta de entrada em Porto Rico como território dos Estados Unidos. San Ciriaco (1899), uma tempestade de categoria 4, atingiu a ilha quando ainda estava sob ocupação militar apenas um ano depois da Guerra Hispano-Americana. Enquanto San Juan era relativamente poupada, Ponce, a segunda maior cidade porto-riquenha, e as terras altas da ilha, produtoras de café, sofreram um grande golpe. A economia ficou desordenada. A colheita de café se perdeu, assim como metade da colheita, menor, de açúcar e a maior parte das colheitas de alimentos. Cerca de 3 mil pessoas morreram diretamente da tempestade, mas as taxas de mortalidade continuaram anormalmente altas ao longo de um ano depois da tormenta. Mais de 250 mil pessoas, um quarto da população da ilha, ficaram sem casa e destituídas de tudo. “A fome estabeleceu seu império”, escreveu um observador.
"Este é um grande desastre. Que ninguém tenha dúvida disso”, afirmou o governador de Porto Rico, Ricardo Rosselló, no quarto dia do desastre depois da passagem do Maria, o maior furacão que açoitou a ilha desde 1929.
Toda a rede elétrica ficou arruinada. Negligenciado durante anos e com uma infraestrutura o dobro de velha do uso previsto – uma média de 44 anos por central –, o sistema elétrico foi a vítima de maior impacto do Maria. Rosselló afirmou que será necessário reconstruí-lo por completo, o que poderia levar pelo menos dois anos. Enquanto isso o serviço será emendado para devolver a eletricidade às casas, missão que pode levar semanas ou meses nas zonas mais vulneráveis do país. Sem luz, com 75% das casas sem água corrente e quase sem sinal de telefone, os três milhões e meio de habitantes de Porto Rico se desesperam para encontrar soluções.
As chuvas torrenciais tinham parado neste sábado, deixando o país inundado. Em algumas áreas o nível da água alcançou 90 centímetros em menos de 24 horas, 10 a mais que as cotas mais altas de alagamento que deixou em agosto o furacão Harvey no Texas. O jovem governador Rosselló, de 38 anos, afirma que os danos materiais causados pelo Maria só se comparam aos do Katrina em 2005 na Louisiana.
O ponto de maior emergência neste domingo era a represa do lago Guajataca, um reservatório de um século com fissuras causadas pelo tremendo empuxo da água. “Não sabemos quanto vai aguentar”, reconheceu Rosselló. Desde sexta-feira a Guarda Nacional de Porto Rico trabalha na remoção de 8.000 moradores que poderiam ser afetados. No sábado foi resgatada uma barcaça carregada de petróleo que estava à deriva contra a costa da ilha. A representante nos EUA afirmou que se evitou “um potencial desastre ecológico”. Além de enfrentar ameaças como essas, as prioridades das autoridades por ora continuam sendo salvar vidas, garantir o funcionamento dos hospitais, facilitar o acesso a combustível, reabrir as escolas, que continuam fechadas, e dar abrigo a quem perdeu suas casas. No sábado se contavam 15.000 desabrigados.