Há exatos 50 anos, o mundo desportivo mundial viu-se abalado por um episódio que marcaria para sempre os Jogos Olímpicos. Em Munique, na Alemanha, nesta data, em 5 de Setembro de 1972, um atentado terrorista praticado pelo grupo palestino Setembro Negro, contra a delegação de atletas de Israel, deixou onze desportistas judeus mortos. A ação terrorista se deu dentro dentro da Vila Olímpica e começou com um plano de sequestro.
As Olimpíadas de 1972 foram realizados na cidade de Munique, que, à época, por conta das decisões políticas da Guerra Fria, pertencia à Alemanha Ocidental. Os jogos estenderam-se de 16 de agosto a 11 de setembro e o destaque desportivo ficou com a União Soviética, que conseguiu 50 medalhas de ouro, 27 de prata e 22 de bronze.
Apesar da demonstrada supremacia da antiga União Soviética no aspecto medalhas, as Olimpíadas de Munique entraram para a história em razão da ação terrorista que o grupo palestino Setembro Negro promoveu dentro da Vila Olímpica contra a delegação de atletas de Israel.
O grupo terrorista Setembro Negro nasceu como uma dissidência da Organização para Libertação da Palestina (OLP) no fim do ano de 1970. Seus membros eram radicais islâmicos orientados por Ali Hassan Salameh, o líder da organização. No total, oito membros do Setembro Negro executaram as ações na Vila Olímpica. Há fortes hipóteses de que esses membros tenham conseguido infiltrar-se em Munique com a ajuda do grupo revolucionário comunista alemão Fração do Exército Vermelho (RAF – Rote Armee Fraktion), que teve alguns de seus membros treinados por Ali Salameh no Norte da África.
O plano do Setembro Negro era sequestrar alguns dos integrantes da delegação israelense dentro da Vila Olímpica de Munique e usá-los como moeda de troca para a libertação de mais de 200 presos palestinos das prisões de Israel. Além disso, na lista do Setembro Negro, ainda estavam dois membros da Fração do Exército Vermelho que deveriam ser libertados pelo governo alemão.
No dia 5 de setembro, os oito terroristas aproveitaram-se do fato de o esquema de segurança das Olimpíadas até aquele ano ser muito frágil e entraram na Vila Olímpica escalando a cerca de proteção, levando nas costas mochilas com rifles, pistolas e granadas. Eles chegaram até o apartamento onde se encontravam atletas e instrutores judeus e invadiram-no. Com a invasão, os terroristas tiveram que lidar com a reação de dois atletas lá presentes. Um deles era Yossef Romano, lutador e veterano da Guerra dos Seis Dias.
Romano e seu companheiro foram mortos no confronto. Três atletas conseguiram fugir, mas nove foram feitos reféns. Com as autoridades alemãs tomando ciência da situação, os membros do Setembro Negro passaram a fazer as exigências apontadas acima. Todavia, após muita discussão, os alemães decidiram não acatar as reivindicações. Então os terroristas mudaram de estratégia.
Com a negativa das autoridades alemãs, os membros do Setembro Negro passaram a exigir um helicóptero que teria a função de retirar todos (terroristas e reféns) da Vila Olímpica e transportá-los para a Base Aérea de Fürstenfeldbruck, na Baviera. Nessa base aérea um avião deveria estar a postos para decolar em direção à cidade do Cairo, no Egito.
As novas exigências foram acatadas. O helicóptero foi disponibilizado e todos foram transportados para Fürstenfeldbruck. Entretanto, quando o helicóptero chegou na base, agentes alemães já haviam montado uma emboscada para os terroristas, escondendo-se no avião a fim de surpreendê-los quando fosse feita a inspeção. Dois dos terroristas desceram do helicóptero e foram inspecionar o avião escolhido. No entanto, um deles percebeu movimentações estranhas e deu início ao tiroteio. Os outros terroristas, ao perceberem a emboscada, acionaram as granadas, causando a morte de todos os que estavam no helicóptero.
No total, 17 pessoas morreram: seis treinadores e cinco atletas israelenses; cinco membros do Setembro Negro e um policial alemão.