Foi numa data igual a esta de hoje, no ano de 2003, que Madre Teresa de Calcutá era beatificada pelo Papa João Paulo II, diante de 300 mil pessoas na Praça São Pedro, no Vaticano. Foi o processo de beatificação mais rápido da História, que durou apenas quatro anos. Madre Teresa havia morrido no dia 5 de setembro de 1997 e Paulo II, um grande admirador da missionária, foi o responsável pela agilidade do processo. Em 1979, ela havia recebido o prêmio Nobel da Paz por seu trabalho em defesa dos pobres ao redor do mundo. Conhecida como a "santa dos pobres", Madre Teresa foi a 1.315ª beata proclamada por João Paulo II.
Nascida no dia 26 de agosto de 1910, em Skopje, na Macedônia, Madre Teresa fundou a ordem das Missioneiras da Caridade, reconhecida como uma congregação pontifícia sob a jurisdição de Roma. Seus membros, além dos votos de pobreza, castidade e obediência, têm que assumir um quarto voto: a promessa de servir aos pobres, a quem Madre Teresa descrevia como encarnações de Jesus. Após abrir um centro em Calcutá, em 1952, ela estendeu a ordem por todos os continentes.
PALAVRAS DO PAPA
"Quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se servo de todos" (Mc 10, 44).
Estas palavras de Jesus aos discípulos, que ressoaram na Praça da Santa Sé, indicavam qual é o caminho que leva à "grandeza" evangélica. É o caminho que o próprio Cristo percorreu até à Cruz; um itinerário de amor e de serviço, que inverte qualquer lógica humana. Ser o servo de todos!
Madre Teresa de Calcutá, Fundadora dos Missionários e das Missionárias da Caridade, que hoje tenho a alegria de inscrever no Álbum dos Beatos, deixou-se guiar por esta lógica. Estou pessoalmente grato a esta mulher corajosa, que senti sempre ao meu lado. Ícone do Bom Samaritano, ela ia a toda a parte para servir Cristo nos mais pobres entre os pobres. Nem conflitos, nem guerras conseguiam ser um impedimento para ela.
De vez em quando vinha falar-me das suas experiências ao serviço dos valores evangélicos. Recordo, por exemplo, as suas intervenções a favor da vida e contra o aborto, também quando lhe foi conferido o prêmio Nobel pela paz (Oslo, 10 de dezembro de 1979). Costumava dizer: "Se ouvirdes que alguma mulher não deseja ter o seu menino e pretende abortar, procurai convencê-la a trazer-mo. Eu amá-lo-ei, vendo nele o sinal do amor de Deus".
Não é significativo que a sua beatificação se realize precisamente no dia em que a Igreja celebra o Dia Missionário Mundial? Com o testemunho da sua vida, Madre Teresa recorda a todos que a missão evangelizadora da Igreja passa através da caridade, alimentada na oração e na escuta da palavra de Deus. É emblemática deste estilo missionário a imagem que mostra a nova Beata que, com uma mão, segura uma criança e, com a outra, desfia o Rosário.
Contemplação e ação, evangelização e promoção humana: Madre Teresa proclama o Evangelho com a sua vida inteiramente doada aos pobres, mas, ao mesmo tempo, envolvida pela oração.