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Maior acidente do automobilismo mata 83 pessoas e deixa 120 feridas

Nas 24 Horas de Le Mans de 1955, tragédia deixou ainda 120 pessoas feridas e fez a Mercedes se afastar das competições automobilísticas por quase 40 anos

O mais trágico acidente da história do automobilismo mundial ocorreu num dia como este, em 11 de Junho de 1955, durante as  24 Horas de Le Mans, que cumpria a sua  na 23ª edição. A prova de resistência francesa, que é, até hoje, uma das mais tradicionais e desafiadoras do automobilismo mundial, era sempre um grande evento e o público lotava as arqjuibancadas. Mesmo para os carros da década de 1950, sem grandes tecnlologias, já era possível atingir velocidades próximas aos 300 km/h nas longas retas do Circuit de la Sarthe.

O acidente que ocorreria poucos minutos depois, após uma decisão errada do, líder da prova, o inglês Mike Hawthorn, provocaria uma confusão nunca vista, uma série de batidas simultâneas, pedaços de carro voando sobre as arquibancadas, e um resultado cruel: 83 expectadores mortos e mais de 120 feridos.

Quando a corrida atingia a marca de três horas de duração, o líder era o inglês Mike Hawthorn, da Jaguar. Ele travava um acirrado duelo com o argentino Juan Manuel Fangio, lenda da Fórmula 1 e representante da Mercedes. Na volta 35, Hawthorn recebeu sinal de sua equipe para fazer uma parada de reabastecimento. Mas o piloto decidiu que não daria mais uma volta para ir aos boxes e, após cortar para a direta e ultrapassar um retardatário, Lance Macklin, freou.

A parada brusca de Hawthorn provocou um efeito em cascata. O carro do inglês já possuía freios a disco, mais eficientes que a tecnologia a tambor presente na maioria dos competidores. Os outros pilotos não conseguiram frear com a mesma rapidez de Hawthorn. Lance Macklin desviou para a esquerda e se posicionou à frente de outro retardatário, Pierre Levegh, também representante da Mercedes. O francês não conseguiu desviar e acertou a traseira de Macklin, decolando na sequência.

Ao se chocar contra o muro, a Mercedes de Pierre ficou completamente destruída. Algumas partes do veículo, como o eixo dianteiro e o bloco do motor, se soltaram e voaram em direção às arquibancadas, em altíssima velocidade. O caos estava instaurado. Pierre morreu na hora, e as peças que se soltaram do carro atingiram espectadores. Alguns foram decapitados ou esmagados, enquanto outros foram queimados pelas chamas geradas pela explosão da Mercedes.

A pequena equipe médica presente no circuito, com cerca de 30 profissionais, pouco pode fazer para reduzir o número de vítimas fatais. Para evitar um caos generalizado, a direção da prova decidiu dar prosseguimento à corrida, como forma de evitar que os cerca de 300 mil espectadores tentassem deixar o circuito ao mesmo tempo. Oito horas depois do acidente, a Mercedes liderava a disputa, com Fangio e seu companheiro, Stirling Moss, mas decidiu se retirar. A Jaguar se recusou a abandonar a prova e acabou vencendo, com Hawthorn e o também inglês Ivor Bueb. Os dois pilotos comemoram a vitória no pódio com champanhe, rendendo mais polêmica ao episódio.

Àquela altura, a Mercedes era a equipe com a qual o pentacampeão Fangio havia conquistado o segundo título da carreira, em 1954, e conquistaria o tricampeonato no final de 1955. A equipe alemã já havia construído uma reputação de peso no automobilismo, mas decidiu se afastar de todas as competições naquele ano, motivada pela tragédia que marcou a edição das 24 Horas de Le Mans. O retorno das Flechas de Prata à F-1 só aconteceu em 1994, como fornecedora de motores da Sauber. No ano seguinte deu início a uma parceria de sucesso com a McLaren, que resultou no bicampeonato de Mika Hakkinen (1998 e 1999) e no primeiro título de Hamilton, em 2008. Após adquirir o espólio da Brawn GP e voltar a ter uma equipe própria, a Mercedes se estabeleceu como força dominante da F-1 no ano passado, comandada por Lewis Hamilton e Nico Rosberg.

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