No dia 17 de abril de 1996, 155 policiais militares do Pará, armados como se fossem para uma operação de guerra, chegaram disparando contra um acampamento de trabalhadores “ sem terra”, na Fazenda Macaxeira, em Eldorado dos Carajás, matando 21 desses trabalhadores. Dezenove morreram no local e dois outros, gravemente feridos por balas de fuzis, morreram ao darem entrada no hospital.
O episódio sangrento, ocorrido de maneira brutal e covarde, ficou conhecido mundialmente como o “Massacre de Eldorado dos Carajás”.
Decorridos 24 anos desse monstruoso massacre, os 21 mortos no episódio somam/se a outros 271 trabalhadores rurais e lideranças que já foram assassinados somente no estado do Pará, traçando um trágico cenário da luta pelo direito à terra no Brasil.
Os trabalhadores do Movimento dos Sem Terra faziam uma caminhada até a cidade de Belém, quando foram impedidos pela polícia de prosseguir. Mais de 150 policiais – armados de fuzis, com munições reais e sem identificação nas fardas – foram destacados para interromper a caminhada, o que levou a uma ação repressiva extremamente violenta e na morte dos trabalhadores.
Passados esses 24 anos, apenas dois comandantes da operação foram condenados – Coronel Mario Colares Pantoja, condenado a 258 anos, e Major Oliveira, condenado a 158 anos – e estão presos desde 2012, mas foram destinados a cumprir suas penas em liberdade.
Nenhum policial ou autoridade política foi responsabilizado.
Dos 155 policiais que atuaram , os outros 153 PMs foram absolvidos, ainda que vários dos policiais que atuaram no caso estivessem sem identificação e com armas retiradas do quartel sem registro, o que não é permitido.
O local que foi palco do massacre hoje é considerado sagrado pelo movimento. O "monumento das castanheiras queimadas" é formado por árvores mortas, uma para cada vida ceifada. Ao centro há um altar com o nome das pessoas assassinadas, como forma de homenagem. Tudo para lembrar as vidas roubadas.