Um dos episódios mais enigmáticos e desconcertantes da história recente da União Soviética (hoje Rússia), por muitos chamado misteriosamente de "Arquivo X soviético", aconteceu em 2 de Fevereiro de 1959, quando nove estudantes, alpinistas, especialistas em esqui cross-country, que estudavam Instituto Politécnico de Ural (atual Universidade Técnica do Estado de Ural) foram encontrados mortos em um acampamento em uma passagem nos Montes Urais, na Sibéria.
Seus corpos estavam espalhados pelo local, com ferimentos graves, e sua tenda tinha um corte feito por dentro, sinal de que poderiam ter tentado escapar de alguém ou algo que estava no interior. Naquela época, concluiu-se que "uma força natural insuperável" causou suas mortes.
O caso que continua até hoje provocando controvérsias e versões a s mais fantasiosas possíveis, 60 anos depois do ocorrido, na tentativa de se achar um a fim para esse mistério sobre as mortes dos jovens alpinistas.
Uma jornalista, Lucy Ash, que investigou o caso para um documentário de rádio do Serviço Mundial da BBC, conversou com parentes dos estudantes, teve acesso a seus diários, cartas e fotos que tiraram antes de embarcar na viagem e reconstruiu as circunstâncias em torno da fatídica excursão de esqui.
O grupo originalmente formado por oito homens e duas mulheres se reuniu na cidade de Yekaterinburg, no centro-oeste da União Soviética, em 23 de janeiro de 1959. Os jovens viajaram para os Montes Urais, na Sibéria, que estavam cobertos de neve naquela época do ano.
De lá, eles viajaram de trem para Ívdel, ao norte dos Montes Urais, aonde chegaram dois dias depois. Naquela mesma noite, atingiram seu destino: Vizhai, o último assentamento no extremo norte da região. O plano era partir para Gora Otorten, uma montanha com cerca de 1.200 metros de altura. "Supostamente, na língua indígena local, o mansi, 'Otorten' significaria 'Não vá lá'", diz Ash.
A rota que tiveram que percorrer de esqui até chegar ao destino foi considerada de categoria 3, a mais difícil. No entanto, todos os membros do grupo eram esquiadores experientes, inclusive em expedições de montanha.Eles começaram a viagem no dia 27 de janeiro, mas, um dia depois, um dos membros do grupo, Yuri Yudin, de 22 anos, teve de retornar a Vizhai devido a uma dor intensa no nervo ciático. Ele foi o único sobrevivente do grupo.
A jornalista Lucy Ash foi a Vizhai e fez a mesma viagem para a montanha que, acredita-se, os jovens tenham realizado. Mas, em vez de esqui, ele usou uma moto para neve.
Um guia local chamado Sasha disse ser provável que o grupo tenha percorrido o vale do rio seguindo rastros de caçadores indígenas que viviam na área. Deve ter sido árduo fisicamente, porque os estudantes tiveram de transportar suprimentos e suas barracas, afirmou o guia. Muitos acreditam nessa teoria, porque, em plena Guerra Fria, a União Soviética era líder na produção de armas e equipamentos espaciais. A mãe de Valeri até se lembra de ter visto um objeto voando no céu naquela época.
Yuri, um homem que mora em Ecaterimburgo e sempre foi obcecado com o caso, acha que talvez os jovens tenham morrido como resultado de um experimento e que a maneira como foram encontrados foi "encenada" para encobrir o que aconteceu. O homem disse à BBC que viu os corpos das vítimas e que chamou sua atenção seus rostos alaranjados.