Morto em abril de 2017, após ter sua vida envolta em mistério por mais de uma década, o cantor e compositor Belchior, completaria hoje, 26 de outubro, 75 anos, nascido, e segue como um mito junto aos milhares de fãs espalhados pelo Brasil afora.
Belchior (Antonio Carlos Belchior), nos últimos anos de sua vida, protagonizou uma façanha que contraria a lógica. Reafirmou seu nome e chegou forte a novas gerações, sem gravar canções inéditas, lançar discos ou se apresentar ao vivo. Todo mundo conhece a história: Belchior sumiu. Enquanto se discutiam as razões do exílio voluntário, então (e ainda) desconhecidas, suas canções serviam de trilha sonora para o mistério.
Gradualmente, o cancioneiro de Belchior tomou novo fôlego e se tornou, mais uma vez, a verdade existencial de uma geração. Como se adivinhassem os tempos sombrios que estavam por vir, os fãs bradavam que “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro” e que “a felicidade é uma arma quente”. Sumido, sem que ninguém tivesse notícia de seu paradeiro, o trovador cearense era ouvido em barzinhos, à voz e violão; em grandes e pequenos shows de admiradores diversos; em karaokês; e nas vitrolas da recém-ressuscitada moda do vinil. À sua revelia, Belchior era reinventado todo dia em algum bar ou palco do Brasil.
Em julho deste ano de 2021, em Fortaleza, a obra do compositor passou a ser celebrada e certamente ampliada e reavivada por Vannick Belchior, a filha do cantor, que estreou na carreira musical, vindo aos palco com o show “Coisas que Aprendi nos Discos”.
A noite de estreia de Vannick foi um verdadeiro passeio por clássicos de Bel. Pelo menos 17 faixas compõem o repertório, o que garante temas como "Velha Roupa Colorida", "Tudo Outra Vez", "Apenas um rapaz latino-americano", "Alucinação" e " Como Nossos Pais”.