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O Titanic naufragou em 15 de abril de 1912, matando 1.517 pessoas

Foi pensado para ser o navio mais luxuoso e mais seguro de sua época, gerando lendas de que era completamente “inafundável”

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Foi em 15 de Abril de 1912, há 107 anos, que o Titanic, o navio apontado por seus construtores como o mais seguro já produzido em todo o mundo, naufragou nas águas do oceano Atlântico, matando 1.517 pessoas, poucas horas depois de ter batido num imenso bloco de iceberg. Dos mortos, apenas 337 corpos foram encontrados. Os demais perderam-se para sempre nas profundezas do mar. 

O Titanic começou a ser construído em 1908, sob encomenda assinada em 17 de setembro, foi lançado oficialmente em 31 de maio de 1911, e começou sua primeira e derradeira viagem no dia 10 de abril de 1912, saindo do porto de Southampton, na Inglaterra.

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O gigantesco navio comportava 892 tripulantes e 2.435 passageiros. Foi pensado para ser o navio mais luxuoso e mais seguro de sua época, gerando lendas de que era completamente “inafundável”. Desde o seu naufrágio, inúmeros filmes foram produzidos sobre a tragédia, todos tomando por base o fato de que era “o navio mais seguro do planeta”.

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O Titanic era o segundo de uma frota de três navios de luxo da empresa White Star Line (o primeiro, o Olympic, funcionou sem problemas, e o terceiro, o Britannic, também afundou, devido a uma explosão de causa desconhecida). Com 269 m de comprimento e 28 m de largura, o Titanic era o maior navio da época. Sua construção começou em março de 1909 e terminou em maio de 1911.

 

Em 10 de abril de 1912, ele partiu para sua viagem inaugural, de Southampton, na Inglaterra, tendo como destino final Nova York, nos EUA, em meio a intensas celebrações, pois se tratava de fato de uma obra monumental da engenharia, merecedora de todas as pompas e festas. E as famílias que nele embarcaram, eram pessoas afortunadas, que pagaram à época o que hoje corresponderia aos seguintes valores, com preços mínimos atualizados, que variavam de R$ 5.000,00 (quarto simples), a R$ 143.000,00, (suíte ampla, de luxo, com varanda).

Na noite do dia 14, às 23h40, o navio colidiu com um iceberg. O pedaço de gelo havia sido avistado tarde demais e, mesmo com uma tentativa de desvio, o choque foi inevitável. Diferentemente do que se imagina, o gelo não rasgou o casco: o impacto, na verdade, fez romper os rebites que uniam as chapas de aço. A ruptura, de mais de 60 m, passava por cinco salas de carga e uma de caldeira.

O comandante do navio, o capitão Edward Smith não estava na ponte de comando na hora da batida, mas subiu para lá assim que soube do ocorrido – entre 23h30 e 23h50. Ordenou o fechamento das comportas que ficavam entre as salas das caldeiras e do motor, para isolar a invasão das águas, e enviou tripulantes para averiguar o dano. Às 23h50, Smith já sabia que o Titanic iria afundar.

Precisamente a 0h10, mensagens de socorro são enviadas por código morse. Um único navio veio ao resgate – o Carpathia, que estava a 93 km de distância e só chegou ao local às 4h10. Outra embarcação foi avistada e alertada com um sinalizador, mas não se aproximou. Uma teoria é de que fosse um navio pesqueiro que atuava ilegalmente, por isso seu capitão não quis se envolver. Outra teoria é de que o navio “braço curto” era o SS Californian, mas o capitão dessa embarcação sempre negou ter visto o Titanic.

O fato de a ruptura do casco ter ocorrido do lado direito e na área frontal determinou a movimentação do navio em sua lenta agonia. O peso da água o fez tombar levemente para a direita e, posteriormente, afundou sua proa a ponto de erguer a popa, a um ângulo estimado em menos de 20o. Foi para lá que a maioria dos passageiros tentou fugir.

A elevação da popa no ar rolou em dois momentos. Quando o navio começou a afundar, a parte traseira se inclinou para fora da água. O peso era demais para a estrutura do navio, que se partiu entre a terceira e a quarta chaminés – sua área mais “oca” e onde havia uma das juntas de dilatação. Após a quebra, a proa e a popa submergiram em posição vertical.

Às 2h20, a popa finalmente submerge e o naufrágio termina. As luzes permaneceram acesas durante quase todo o desastre, só apagando às 2h18. O último bote havia partido às 2h05 – deixando para trás mais de 1,5 mil pessoas. As que não foram levadas para o fundo do oceano ficaram se debatendo na superfície, tentando não afundar ou morrer congeladas – a temperatura da água batia nos -2 oC.

Só um dos botes salva-vidas voltou para buscar náufragos – resgatou apenas quatro. Os sobreviventes vagaram em seus botes na escuridão até as 4h10, quando o Carpathia enfim chegou ao local. Demorou quatro horas até que todos subissem ao navio. O Carpathia então partiu para Nova York, aonde chegou no dia 18. Dos 1.517 mortos, só 337 corpos foram resgatados.

As duas partes do Titanic afundaram 3,8 km até encontrarem o leito marítimo, onde repousaram a 600 m uma da outra. Nessa profundidade, já não há mais luz, a temperatura é baixíssima e a pressão é extrema. Por isso, só em 1985 houve tecnologia avançada o suficiente para encontrar os destroços, a cerca de 700 km da costa canadense.

O naufrágio do Titanic, 107 anos após, continua um mistério, causador de imensas controvérsias. Até mesmo o número de mortos nunca ficou devidamente esclarecido. Para a Comissão de Inquérito dos EUA foram 1.517 vítimas; para a Câmara de Comércio Britânica foram 1.503 vítimas; enquanto que para a Comissão de Inquérito Britânica foram 1.490 vítimas. 

O número da Câmara de Comércio Britânica parece o mais convincente, descontado o fogueiro Joseph Coffy e o cozinheiro Will Briths Jr., que desertaram em Queenstown. Dois inquéritos posteriores viriam a julgar os culpados pela tragédia: um britânico e quatro estadunidenses. Com a perda do Titanic e das centenas de pessoas dessa tragédia, as leis que regiam a construção de transatlânticos foram alteradas. Todos os navios construídos depois do Titanic teriam que ter botes salva vidas para todos a bordo. Os telegrafistas teriam que ficar a trabalhar durante a noite. A Patrulha Internacional do Gelo foi criada para monitorizar, alertar e até destruir icebergs que viessem a oferecer riscos à navegação.

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