O piloto de Fórmula 1, Roger Williamson, da Inglaterra, morreu num dos mais chocantes acidentes na pista, durante a corrida, no GP da Holanda, em 29 de Julho de 1973. O piloto era promessa do automobilismo de seu país mas morreu carbonizado após ficar preso no carro em chamas.
Roger tinha, então, 25 anos de idade à época do acidente que o matou. Natural de Ashby-de-la-Zouch, Inglaterra, Williamson era mais um dos jovens britânicos que tentavam a sorte na F1 no começo daquela década. Mas com grande potencial, era a grande esperança inglesa no automobilismo. Ele era bicampeão da prestigiada Fórmula 3 Inglesa em 1971 e 1972. Natural, portanto, que a Fórmula 1 fosse mesmo o seu destino, o que aconteceu já na temporada de 1973.
Roger testou um carro da BRM e depois foi chamado para um treino pela March, que lhe ofereceu um contrato. O piloto foi aconselhado por seu empresário a não optar pela BRM, que vinha em decadência, enquanto a March era uma plataforma mais promissora. A estreia não poderia ser num local mais apropriado: Silverstone, no Grande Prêmio da Inglaterra. Num grid com 29 pilotos, Williamson ficou em 22º na classificação. A expectativa de Roger era pelo menos completar a sua primeira corrida na Fórmula 1.
Só que ele mal conseguiu completar a primeira volta...Na entrada da reta dos boxes, uma lambança monumental provocada por Jody Scheckter (McLaren), que rodou na saída da curva Woodcote e levantou uma nuvem de poeira, eliminou 11 pilotos. Num acidente de grandes proporções, Williamson estava entre os envolvidos e não teve carro reserva para participar da segunda largada. Depois da estreia frustrante, Williamson partiu para seu segundo grande prêmio em Zandvoort, na Holanda. Conseguiu o 18º no grid de largada, resultado razoável se levado em consideração que 26 pilotos largavam.
Williamson fazia boa corrida. Ganhou duas posições na primeira volta, contou com uma batida de Jackie Oliver, superou Graham Hill na segunda passagem, e viu Mike Beuttler quebrar logo depois. O 13º lugar com apenas três de 72 voltas era promissor. Quem sabe uma posição entre os dez primeiros fosse possível ou até mesmo um pontinho, pois o holandês Gijs van Lennep, que fecharia a zona de pontuação daquela prova em sexto, estava logo à frente do inglês. Mas aí veio a tragédia.
No "S" de alta velocidade de Hondevlak, o pneu traseiro esquerdo da March explodiu, e Williamson perdeu o controle. O carro bateu no guard rail, virou de cabeça para baixo e se arrastou pela pista até parar do lado contrário, ainda de ponta-cabeça. Infelizmente o carro se incendiou, e, como Williamson estava preso no cockpit, a situação ficou dramática.
David Purley, que vinha atrás, parou imediatamente seu carro e foi ele mesmo tentar desvirar a March de Williamson. Apenas um fiscal de pista se aproximou com um extintor de incêndio, evidentemente insuficiente para conter as chamas. Desesperado, Williamson gritou por socorro, enquanto Purley tomou o extintor da mão do fiscal para inutilmente tentar apagar o fogo. Em pânico, David ainda acenou para os demais pilotos em busca de ajuda. Sem sucesso. Além da péssima estrutura da época e de um número reduzidíssimo de fiscais, o diretor de prova cometeu um erro fatal. Ao ver de binóculo que alguém de capacete caminhava pela pista, ele deduziu que tratava-se do piloto do carro incendiado, e por isso não mandou de imediato um caminhão de bombeiros para reforçar o combate ao fogo.
Com as câmeras de televisão filmando a tragédia em curso, a prova continuou como se nada tivesse acontecido, mesmo com muita fumaça na pista e uma estreita faixa livre para os carros passarem. Os demais pilotos também pensaram que Purley era o piloto do carro acidentado...
O fato é que, quando finalmente chegou um caminhão de bombeiros para apagar o fogo, Williamson já estava morto. Asfixiado. Sem conseguir fazer mais nada, David Purley caminhou sem rumo em torno do carro e assistia à tragédia consternado.