Em 1995, A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), definiu que o 23 de Abril passasse a ser celebrado, anualmente, como o Dia Mundial do Livro. E escolha da data veio carregada de imenso significado, pois foi nesse dia em que nasceram ou morreram três expoentes máximos da literatura mundial, três dos maiores escritores de todos os tempos: William Shakespeare, que nasceu (1564) e morreu (1616), na mesma data; Miguel de Cervantes,o falecimento (1616) e o nascimento, em 1899, de Vladimir Nabokov.
Além de homenagear várias obras literárias e seus autores, a data também busca conscientizar as pessoas sobre os prazeres da leitura, encorajando as pessoas, especialmente os jovens, a descobrirem os prazeres da leitura, e conhecerem a enorme contribuição dos autores de livros através dos séculos.
Uma tradição catalã ligada aos livros já existia no dia 23 de abril desde 1926, e parece ter influenciado a escolha da Unesco. Na tradição catalã, no dia de São Jorge (23 de abril), é costume dar uma rosa para quem comprar um livro. Trocar flores por livros já se tornou tradição em outros países também.
WILLIAM SHAKESPEARE
O grande escritor e poeta inglês, considerado o mais importante de todos no terreno da tramaturgia, mestre dos mestres, William Shakespeare nasceu em Stratford-upon-Avon no dia 23 de Abril de 1564, conforme está registrado no documento de seu batismo, embora surjam dúvidas sobre a data exata. Mas isso é apenas um mistério, como foi toda a vida desse gênio da literatura, uma marca que impôs às mais de 38 obras que lhe são atribuídas.
As suas obras, como Hamlet, Romeu e Julieta e O Rei Lear, são mundialmente conhecidas, e apesar das inúmeras adaptações modernas que se têm feito delas, continuam a demonstrar a sua relevância na cultura, mais 400 anos depois da sua publicação. Shakespeare morreu em Strattford no dia 23 de Abril de 1616, três anos depois da sua retirada do teatro londrino.
MIGUEL DE CERVANTES
Miguel de Cervantes Saavedra nasceu na Espanha, no dia 29 de setembro de 1547, provavelmente em Alcalá de Henares, embora outras cidades tenham entrado na disputa por esse reconhecimento. Seus pais eram Rodrigo e Leonor de Cortinas, que além de Miguel, tiveram mais seis filhos. Em 1563 a família mudou-se para Sevilha, onde Miguel iniciou seus estudos em gramática e latim, aprendendo com os padres jesuítas.
Em 1571 lutou na batalha naval de Lepanto, servindo o exército do rei espanhol Filipe II. Ferido, acabou perdendo os movimentos de sua mão esquerda.
Em 1575, quando estava retornando à Espanha, foi capturado por piratas e levado para a Argélia, sendo resgatado cerca de cinco anos depois por sua família, com a ajuda de alguns padres trinitários. Passou, após isso, quatro anos como soldado, conheceu Portugal, e retornou à Espanha, finalmente, em 1584.
Edita na cidade de Madri, em 1585, “La Galatea”, que foi sua primeira novela. Teve contato com grandes literatos da época, e escreveu os poemas dramáticos “Los Tratos de Argel” e “La Mumancia”.
Cervantes casou-se com Catalina de Palácios e Salazar. Algum tempo depois foi encarregado pelo rei de coletar os impostos que eram devidos à Coroa. Viajou para Andaluzia e La Mancha, e foi levado preso por três vezes, o motivo seria o constante e insistente atraso na prestação de contas ao rei. Alguns historiadores apontam que, provavelmente, a primeira parte da obra “Dom Quixote” foi escrita quando esteve preso.
Em 1605, com a publicação de “Dom Quixote”, Cervantes conseguiu juntar algumas economias, e com isso teve oportunidade de se dedicar exclusivamente à literatura. O livro fez tanto sucesso, que uma pessoa, fazendo uso de um nome falso, publicou uma segunda parte do romance. Por conta da revolta com tal falsificação, em 1615, Cervantes publicou sua própria segunda parte, escrevendo também diversas obras ao longo deste período. “Dom Quixote” foi traduzido em mais de 60 idiomas, e de geração em geração vem conquistando de crianças a adultos.
Miguel de Cervantes, considerado um dos quatro gênios da literatura ocidental, morreu no dia 23 de abril de 1616, na cidade de Madri, Espanha. Deixando grande inspiração em diversos níveis, ultrapassando séculos. De forma que romancistas, grafiteiros; poetas; escritores; pintores; escultores; ensaístas; cartunistas; dentre outros, ainda hoje encontram em suas obras um referencial artístico. Em 2016 comemorou-se 400 anos de sua morte, um marco na literatura mundial.
VLADIMIR NABOKOV
Vladimir Nabokov (1899-1977) foi um escritor russo, naturalizado americano, autor do romance “Lolita”, obra que gerou muita polêmica entre os leitores, mesmo sendo aclamada pelos críticos.
Vladimir Nabokov (1899-1977) nasceu em São Petersburgo, hoje Leningrado, Rússia, no dia 23 de abril de 1899. Filho de uma família abastada teve uma professora francesa e uma governanta inglesa, tornando-se trilíngue antes mesmo de ler e escrever em russo. Ainda na adolescência, começou a escrever suas primeiras poesias. Foi aluno da Tenishev school, em São Petersburgo, e com a ajuda do professor de literatura, ainda com 17 anos, teve seu primeiro livro publicado, “Poems” (1916), uma coleção com 68 poemas escritos em russos.
Dois anos após a Revolução Russa de 1918, Nabokov e sua família partiram para a Inglaterra. Nesse mesmo ano, já havia publicado sua segunda coleção de versos, “Tho Paths” (1918). Na Inglaterra, ingressou no Trinity College, em Cambridge e depois de breve passagem pelo curso de zoologia, diplomou-se em literatura russa e francesa, como o primeiro da classe, em 1922.
Depois de formado, Nabokov mudou-se para Berlim, Alemanha, para onde sua família se transferiu, dois anos antes, e onde seu pai havia fundado um jornal. Em março de 1922, seu pai foi assassinado por um monarquista russo, no momento em que tentava proteger o verdadeiro alvo, Palev Milyukov, um líder do Partido Constitucional Democrata, que estava exilado em Berlim.
Após a morte de seu pai, sua mãe e sua irmã se mudam para Praga. Nabokov permanece em Berlim, quando viveu os tempos mais difíceis de sua vida, mas que escreve a maior parte de sua obra. Durante os 15 anos que passou em Berlim, ele sobreviveu como professor de línguas, literatura, boxe e tênis. Dedicou-se também ao estudo de borboletas e acabaria deixando seu nome e uma delas, Lycaeides melissa samuelis Nabokov.
Em 1925, casa-se com Vera Slonim, com quem teve seu único filho, Dmitri, que nasceu em 1934. Em 1937, Nabokov deixou a Alemanha e seguiu para a França, onde reuniu sua família. Em maio de 1940, fugindo das tropas alemãs que avançavam rumo à França, e junto com a família partiu para os Estados Unidos, a bordo do SS Champlain.
Nos Estados Unidos, estabeleceram-se em Manhattan e Nabokov começou um trabalho voluntário no Museu Americano de História Natural. Em 1941 foi nomeado professor residente de literatura comparada no Wellesley College. Em 1945 tornou-se cidadão americano. Lecionou literatura russa e europeia na Universidade de Cornell. Nessa época, escreveu sua polêmica obra “Lolita” (que virou sinônimo de atração sexual precoce) cuja personagem tinha 12 anos, e o quarentão Humbert Humbert, era submetido a tormentos eróticos e que, por sua vez, dela se aproveitava para liberar fantasias e neuroses. O romance foi recusado por vários editores, e finalmente publicado em Paris e só três anos mais tarde em Nova Iorque.
Lolita tirou Vladimir Nabokov do anonimato, e após o sucesso financeiro da obra, o autor retornou para a Europa, em 1961, se instalou em Montreux, Suíça e se dedicou exclusivamente à escrita. Nos últimos anos de vida, se refugiou no Montreux Palace Hotel e escrevia ao romance “O Original de Lana”. Durante 18 meses, sofreu com uma doença infecciosa que o levou à morte, ao lado de sua mulher Vera e seu filho Dmitri