Foi nesta data, em 11 de Julho de 1973, que o avião da companhia brasileira Varig, o Boeing de prefixo PP-VJZ, que fazia o voo 820 com destino a Paris, tentou um pouso forçado ao se aproximar da capital francesa, devido ao incêndio em uma de suas toaletes. O resultado foi uma catástrofe :a aeronave se despedaçou no chão, incendiando e deixando o saldo trágico de 123 pessoas mortas.
Dentre os mortos, algumas figuras públicas renomadas, como o ex-senador Filinto Müller, que se tornou famoso por ter sido chefe da polícia política de Getúlio Vargas, a quem se credita implacável perseguição a adversários e ativistas políticos, com a morte de dezenas deles.
Também morreu nesse acidente o iatista Joerg Bruder e o cantor romântico Agostinho dos Santos, importante nome da música popular brasileira, que teve sua vitoriosa trajetória interrompida quando contava apenas 41 anos de idade. Nascido em São Paulo, Agostinho dos Santos começou a carreira como crooner de orquestras. Em 1955 foi para o Rio de Janeiro, onde começou a se destacar por sua voz melodiosa, gravando músicas de compositores influentes como Tom Jobim e Dolores Duran.
Agostinho alcançou grande projeção ao participar do filme “Orfeu do Negro”, (Orfeu do Carnaval), de 1959, que teve trilha de Vinícius e Tom Jobim, com destaque para sua interpretação da música “Manhã de Carnaval”, música de Luiz Bonfá e letra de Antonio Maria.
Depois desse filme, Agostinho dos Santos ganharia vários prêmios mundo afora. Foi muito aplaudido na sua participação da Noite da Bossa Nova no Carnegie Hall, em Nova York, em 1962.
Já Filinto Strubing Müller (Cuiabá, 11 de julho de 1900 – Paris, 11 de julho de 1973), foi um militar e político brasileiro. Participou dos levantes tenentistas entre 1922 e 1924. Durante o Governo Vargas, destacou-se por sua atuação como chefe da polícia política e por diversas vezes foi acusado de promover prisões arbitrárias e a tortura de prisioneiros. Ganhou repercussão internacional o caso da prisão da judia alemã Olga Benário, militante comunista e companheira de Luís Carlos Prestes, à época grávida quando deportada para a Alemanha, onde seria executada em Bernburg, em 1942.
Filinto Müller tornou-se Chefe de Polícia do Distrito Federal (então no Rio de Janeiro) em 1933 e permaneceu no cargo durante o governo Vargas até 1942, período no qual há quem afirme que cerca de vinte mil pessoas foram presas. O repórter David Nasser, no livro “Falta alguém em Nuremberg”, traçou perfil dos subordinados escolhidos por Filinto para conduzir a sua polícia política, recrutados entre a escória do Exército, como o capitão Felisberto Batista Teixeira, Delegado Especial de Segurança Política e Social, capitão Afonso de Miranda Correia, delegado auxiliar, tenentes Emílio Romano, chefe da Segurança Política, e Serafim Braga, chefe da Segurança Social, e, ainda, o tenente Amaury Kruele seu irmão, capitão Rio grandino Kruel, ambos da inspetoria da Guarda Civil, indivíduos cujo servilismo ao governo e brutalidade com os presos contribuíram, segundo Nasser, para as violações dos direitos humanos ocorridas na época.
Em 1935, após a Intentona Comunista, participou das operações visando capturar os revolucionários; conforme Fernando Morais, biógrafo de Olga Benario, investigadores da polícia comandados por Müller torturaram, por semanas, Arthur e Elise Ewert (ambos membros da Komintern atuantes no Brasil), até conseguir chegarem Prestes, eventualmente o prendendo, em março de 1936. Morais “especula” queMüller se dedicou à caça de Prestes também por causa do incidente que levou a sua expulsão da Coluna Prestes. Filinto Müller também deportou a mulher de Prestes, a referida militante comunista e agente do Komintern, a judia alemã Olga Benário, para a Alemanha nazista, onde foi morta numa câmara de gás no campo de concentração de Bernburg.