Foi em 21 de Outubro de 1990, hoje, portanto, transcorridos 30 anos, que o notável piloto brasileiro Ayrton Senna se tornou bicampeão mundial de Fórmula 1, exatamente no circuíto de Suzuka, no Japão, local, aliás, que foi palco de seus três títulos mundiais na competição.
O circuito de Suzuka, a cerca de 300km de Tóquio, foi um dos lugares mais marcantes da carreira de Ayrton Senna. Foi ali que o piloto da McLaren ganhou seus três títulos mundiais, em 1988, 1990 e 1991. A conquista do segundo deles, no dia 21 de outubro de 1990, que hoje completa 30 anos, se mantém até hoje como um dos episódios mais polêmicos da história da Fórmula 1.
Em um dos momentos mais controversos de sua carreira, Senna forçou um acidente envolvendo a Ferrari do arquirrival Alain Prost logo na primeira curva e acabou com as chances de o francês conquistar o título. O brasileiro, desse modo, “deu o troco” em uma manobra de circunstâncias semelhantes feita pelo adversário na igualmente polêmica decisão da temporada anterior, também ocorrida em Suzuka, quando ainda eram companheiros na McLaren.
O acidente provocado por Senna lançou questionamentos da imprensa e de alguns torcedores sobre a ética do brasileiro na Fórmula 1. Mas o episódio também foi visto como uma forma de “desabafo” encontrada pelo brasileiro, que se sentia perseguido pelo homem mais poderoso da categoria à época, Jean-Marie Balestre, presidente da extinta FISA, que era a entidade responsável por organizar os eventos de automobilismo.
Senna e Prost já haviam interrompido o convívio amistoso que marcou o primeiro ano da parceria e estavam em pé de guerra na reta final da temporada 1989. No GP do Japão, o francês provocou uma batida no brasileiro para garantir seu terceiro título. Senna pediu para que os fiscais empurrassem o carro, parou nos boxes, trocou o bico e conseguiu voltar para a pista para vencer a corrida, mas o francês recorreu a Balestre para desclassificar o rival e assegurar o campeonato.
A rivalidade chegou a níveis extremos após a polêmica decisão de 1989. A situação de Prost ficou insustentável na McLaren, que manteve Senna e contratou o austríaco Gerhard Berger, enquanto o francês rumava para a Ferrari. Inconformado com o título perdido, o brasileiro disparou duras críticas às atitudes de Balestre, que exigiu um pedido de desculpas público para que o piloto pudesse obter a superlicença para disputar o campeonato de 1990. Convicto da parcialidade do dirigente, Senna se recusou a fazer a retratação até o último momento, quando a McLaren enfim distribuiu um comunicado assinado por ele. Em 1991, Senna revelou que o pedido de desculpas não havia sido redigido com seu consentimento.
Todo o impasse envolvendo Prost e Balestre se tornou fonte de uma grande mágoa para Senna, que se sentia injustiçado. A chance de extravasar a raiva veio na etapa japonesa de 1990. Prost precisava vencer para conquistar o título. A direção da prova negou a Senna, pole position, o direito de largar do lado esquerdo, o mais limpo e emborrachado da pista. Prost, segundo colocado no grid, largou pelo lado de fora, enquanto Senna seria prejudicado pela sujeira do lado interno da pista. E o brasileiro, a cerca de 250 km/h, simplesmente não freou para a primeira curva, como revelaria a telemetria. O campeonato estava decidido, com Ayrton bicampeão mundial.