O maior acidente ferroviário do Egito em 150 anos, aconteceu em 20 de Fevereiro de 2002, quando um trem superlotado incendiou em movimento e causou a morte imediata de 373 pessoas. Outras pessoas, gravemente feridas, viriam a morrer depois, fazendo com que o número de vítimas fatais passasse de 400. Muitos corpos foram encontrados totalmente destroçados, impedindo o reconhecimento, conforme relatos das equipes de salvamento.
Muitas pessoas pularam pelas janelas e pelas portas a fim de escapar das chamas e da fumaça que tomavam conta do trem, que percorreu vários quilômetros em chamas antes de parar. Segundo membros das forças de segurança, o movimento da composição alimentou as chamas.
"Empurrávamos uns aos outros e estávamos sendo sufocados pela fumaça. Jogávamos uns aos outros pelas janelas", disse um sobrevivente.
Corpos queimados continuavam presos nos vagões ou pendurados entre as barras de metal nas janelas. Foram necessárias várias horas para apagar o incêndio, que atingiu sete vagões do trem nas proximidades da cidade de Al Ayatt, cerca de 70 quilômetros ao sul da capital.
A Middle East News Agency (Mena), agência governamental, afirmou que, segundo investigações iniciais, o fogo começou quando um passageiro tentou acender um pequeno fogão a gás. Os egípcios carregam consigo frequentemente fogões portáteis para fazer chá ou café.
O trem tinha saído do Cairo e dirigia-se para Luxor, no sul do país. O tráfego na linha foi interrompido por várias horas. Segundo relatos das autoridades, acredita-se que os mortos sejam todos egípcios.
Testemunhas disseram que o trem estava superlotado, já que muitas pessoas viajavam para o interior a fim de passar o feriado muçulmano do Eid Al Adha com a família. O feriado é o maior do calendário islâmico.
Turistas estrangeiros trafegam frequentemente em trens para visitar locais históricos nas cidades de Aswan e Luxor, mas geralmente usam as cabines de primeira classe, que contam com ar-condicionado e beliches.
O trem atingido era um modelo antigo, de baixa velocidade, e usado principalmente por egípcios mais pobres. O ministro da Seguridade Social do país, Armina el-Gindy, disse à agência Mena que o governo pagaria 3.000 libras egípcias (US$ 650 dólares) em ajuda de emergência para as famílias dos mortos e 1.000 libras (US$ 216 dólares) para os feridos no acidente.
Os passageiros vêem-se frequentemente amontoados em compartimentos lotados. Em alguns trens, as pessoas e os animais, como galinhas, viajam juntos nos vagões.
O maior número de vítimas em um acidente ferroviário no Egito havia sido verificado em uma colisão em 1995, quando 75 pessoas morreram.