Processos de recuperação judicial de grandes empresas, crise econômica que leva à inadimplência, discussões sobre os precatórios, entre outras questões, são processos que chamam a atenção para uma categoria específica de fundos: os que investem exatamente nesses “problemas”, os chamados fundos de distressed assets.
Enquanto muitos veem nessas notícias apenas dificuldades, esses fundos enxergam oportunidades de ganhos, com riscos geralmente maiores dos que os dos ativos mais ortodoxos, é verdade, mas com retornos que podem compensar, para o investidor, essa maior ousadia.
A categoria, também conhecida como “de situações especiais” ou de “ativos estressados”, investe em uma infinidade de tipos de ativos, mas sempre naqueles que têm algum potencial de “compra” de um problema com descontos significativos. Adquiridos os ativos problemáticos, os fundos têm um tempo - em geral, seis anos - para endereçar a questão e devolver um retorno positivo para os cotistas.
Os investimentos são tão diversos quanto carteiras de créditos inadimplidos que os bancos consideram quase perdidos até imóveis enrolados em inventários não completados, passando por precatórios federais, financiamento de empresas em dificuldades momentâneas e direitos em disputas judiciais ou arbitrais.
Para o investidor, os riscos são proporcionais ao grau de dificuldade de recuperação do ativo. Até por isso, a maior parte dos fundos distressed no Brasil fica restrita a investidores profissionais, os que têm pelo menos R$ 10 milhões aplicados no mercado financeiro.
Quem investe num fundo distressed deve estar disposto a deixar o dinheiro aplicado por anos, durante todo o período de duração do fundo. Ou seja, trata-se de um investimento ilíquido, interessante apenas para o investidor que já tiver um portfólio com ativos de maior liquidez para poder resgatar quando achar necessário.
Além do retorno potencialmente mais alto do que o de ativos tradicionais, o investidor de distressed tem a vantagem de colocar na carteira um investimento descorrelacionado do vaivém da economia e do mercado financeiro. Por exemplo, se uma crise faz o dólar disparar, isso prejudica as ações das empresas importadoras, mas tem efeito quase nulo sobre uma carteira de crédito com inadimplência. Essa descorrelação acaba protegendo a parte do portfólio que está em um ou mais fundos de ativos estressados.
“Os fundos distressed, em resumo, compram ativos para destravar valor”, observa Guilherme Ferreira, sócio da Jive Investments, mencionando o papel que esses fundos têm como provedores de funding. No recorte de situações especiais, destaca, os fundos podem liberar recursos para empresas que passam por dificuldades momentâneas e que, exatamente por isso, encontram as portas fechadas para se financiarem no mercado bancário.
Essa dinâmica pode beneficiar a própria economia ao ajudar esses negócios a voltarem a operar a pleno vapor. A Jive tem quatro fundos distressed, divididos em estratégias de créditos bancários atrasados, situações especiais (como recuperação judicial), ativos imobiliários e ativos litigiosos (aquisição do direito de parte no processo).
Filipe Mattos, head de Special Situations da XP Asset, ressalta que o capital de situação especial está ficando mais relevante no Brasil - até porque esse tipo de funding é contracíclico, ou seja, mais demandado quando a situação econômica é desfavorável. “Mas é preciso lembrar que, para que esses fundos continuem desempenhando esse papel, é necessário que tenham conforto técnico e jurídico para montar as operações”, afirma.
O ponto é que, para montar uma estrutura de fundo distressed que libere recursos para uma empresa ou uma parte de um litígio, a gestora precisa ter condições mínimas para avaliar o risco. Se houver muita instabilidade jurídica, o trabalho pode ser inviabilizado.
“Na gestão de um fundo distressed, não há como inferir em quanto tempo o investimento terá retorno. É por isso que fazemos uma avaliação completa de cada ativo, para tentar formar a expectativa de solução específica para aquele caso. Estamos sempre diante de fatores de risco não controláveis”, acrescenta o fundador e sócio da Strategi Capital Cristian Lara.
Processos de recuperação judicial de grandes empresas, crise econômica que leva à inadimplência, discussões sobre os precatórios, entre outras questões, são processos que chamam a atenção para uma categoria específica de fundos: os que investem exatamente nesses “problemas”, os chamados fundos de distressed assets.
Enquanto muitos veem nessas notícias apenas dificuldades, esses fundos enxergam oportunidades de ganhos, com riscos geralmente maiores dos que os dos ativos mais ortodoxos, é verdade, mas com retornos que podem compensar, para o investidor, essa maior ousadia.
A categoria, também conhecida como “de situações especiais” ou de “ativos estressados”, investe em uma infinidade de tipos de ativos, mas sempre naqueles que têm algum potencial de “compra” de um problema com descontos significativos. Adquiridos os ativos problemáticos, os fundos têm um tempo - em geral, seis anos - para endereçar a questão e devolver um retorno positivo para os cotistas.
Os investimentos são tão diversos quanto carteiras de créditos inadimplidos que os bancos consideram quase perdidos até imóveis enrolados em inventários não completados, passando por precatórios federais, financiamento de empresas em dificuldades momentâneas e direitos em disputas judiciais ou arbitrais.
Para o investidor, os riscos são proporcionais ao grau de dificuldade de recuperação do ativo. Até por isso, a maior parte dos fundos distressed no Brasil fica restrita a investidores profissionais, os que têm pelo menos R$ 10 milhões aplicados no mercado financeiro.
Quem investe num fundo distressed deve estar disposto a deixar o dinheiro aplicado por anos, durante todo o período de duração do fundo. Ou seja, trata-se de um investimento ilíquido, interessante apenas para o investidor que já tiver um portfólio com ativos de maior liquidez para poder resgatar quando achar necessário.
Além do retorno potencialmente mais alto do que o de ativos tradicionais, o investidor de distressed tem a vantagem de colocar na carteira um investimento descorrelacionado do vaivém da economia e do mercado financeiro. Por exemplo, se uma crise faz o dólar disparar, isso prejudica as ações das empresas importadoras, mas tem efeito quase nulo sobre uma carteira de crédito com inadimplência. Essa descorrelação acaba protegendo a parte do portfólio que está em um ou mais fundos de ativos estressados.
“Os fundos distressed, em resumo, compram ativos para destravar valor”, observa Guilherme Ferreira, sócio da Jive Investments, mencionando o papel que esses fundos têm como provedores de funding. No recorte de situações especiais, destaca, os fundos podem liberar recursos para empresas que passam por dificuldades momentâneas e que, exatamente por isso, encontram as portas fechadas para se financiarem no mercado bancário.
Essa dinâmica pode beneficiar a própria economia ao ajudar esses negócios a voltarem a operar a pleno vapor. A Jive tem quatro fundos distressed, divididos em estratégias de créditos bancários atrasados, situações especiais (como recuperação judicial), ativos imobiliários e ativos litigiosos (aquisição do direito de parte no processo).
Filipe Mattos, head de Special Situations da XP Asset, ressalta que o capital de situação especial está ficando mais relevante no Brasil - até porque esse tipo de funding é contracíclico, ou seja, mais demandado quando a situação econômica é desfavorável. “Mas é preciso lembrar que, para que esses fundos continuem desempenhando esse papel, é necessário que tenham conforto técnico e jurídico para montar as operações”, afirma.
O ponto é que, para montar uma estrutura de fundo distressed que libere recursos para uma empresa ou uma parte de um litígio, a gestora precisa ter condições mínimas para avaliar o risco. Se houver muita instabilidade jurídica, o trabalho pode ser inviabilizado.
“Na gestão de um fundo distressed, não há como inferir em quanto tempo o investimento terá retorno. É por isso que fazemos uma avaliação completa de cada ativo, para tentar formar a expectativa de solução específica para aquele caso. Estamos sempre diante de fatores de risco não controláveis”, acrescenta o fundador e sócio da Strategi Capital Cristian Lara.