Por XP Investimentos.
Em um dia de bastante volatilidade antes do feriado, o Ibovespa fechou a última sexta-feira em leve queda de 0,45%, aos 97.483 pontos. Apesar do desempenho fraco, a queda acabou não apagando a alta de 3,69% registrada na semana, que foi marcada pela recuperação das bolsas internacionais. Enquanto isso, o dólar comercial apresentou a primeira queda em cinco semanas, caindo 1,22%, a R$ 5,53.
Ontem, as bolsas internacionais fecharam o dia em alta, animadas com a temporada de balanços do terceiro trimestre e com a expectativa de acordo para o novo pacote fiscal nos Estados Unidos. Na Bolsa de Valores de Nova York, o Dow Jones encerrou o dia em alta de 0,88%, enquanto o S&P 500 avançou 1,64%. O índice eletrônico Nasdaq foi o principal destaque, com ganhos de 2,56%.
Nessa terça-feira, mercados globais amanhecem em leve queda (EUA -0,2% e Europa -0,2%), com a aceleração do número de casos de coronavírus e o anúncio da Johnson&Johnson sobre a interrupção temporária do estudo da vacina devido a uma doença inexplicada em um dos voluntários. Na Europa, as negociações do Brexit têm prazo-limite para acabarem nesta quinta-feira.
Ainda na seara internacional, a semana começa sem muitos avanços nas negociações pelo novo pacote de estímulo americano. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o secretário do Tesouro devem conversar novamente nos próximos dias, mas lideranças da Câmara dos Representantes já sinalizaram que não deve haver uma votação sobre o tema nesta semana. No Congresso americano, o Senado começou a analisar na última segunda-feira a nomeação de Amy Coney Barret para uma vaga na Suprema Corte dos Estados Unidos. A sessão foi marcada por visões contrárias entre republicanos e democratas. No lado das eleições americanas, Donald Trump retomou a campanha com um evento em Flórida após o médico da Casa Branca confirmar que ele testou negativo para a Covid-19 e não é mais infeccioso para outras pessoas. E na OCDE, avançam negociações para um acordo global de taxação das atividades digitais de empresas multinacionais.
As discussões sobre novos lockdowns vem aumentando nos países desenvolvidos, a medida em que o número de casos e hospitalizações aceleraram. Países da Europa voltaram a impor restrições em suas fronteiras, o que parece ser o principal risco para nosso cenário de retomada da economia global. Em termos de indicadores, o Índice ZEW de sentimento econômico da Alemanha ficou bem abaixo do esperado em outubro, em 53,1 vs. expectativa de 73. O resultado para a Europa ficou em 52,3.
No Brasil, o dia amanhece com poucas notícias, dado que as discussões das reformas foram postergadas para depois das eleições municipais. A política tem uma semana curta em meio ao recesso branco em Brasília, sem sessões previstas na Câmara e no Senado e com congressistas focados nas eleições. Nesse ambiente, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre discutem com o governo a possibilidade de suspender o recesso de janeiro para tentar votar as PECs com gatilhos e revisões de despesas que incluirá também o Renda Cidadã — ou seja, já se admite a possibilidade de não as votar ainda este ano.
Nesse contexto, a discussão se volta para a implementação de um auxílio de transição no começo do ano que vem, que fique fora do teto e que seja compensado por elevação de carga tributária — para, a partir disso e em um ambiente menos contaminado, serem discutidas as medidas defendidas por Paulo Guedes para abrir espaço no teto e permitir um programa maior.
O governo também quer aproveitar a semana esvaziada para avançar em negociações para pautas setoriais, como a Lei do Gás, que está no Senado, e o projeto de lei da BR do Mar — embora o calendário e as disputas pelas presidências da Câmara e do Senado dificultem avanços.
Na pauta econômica, o destaque da semana será a divulgação de dados de atividade, especialmente o resultado do setor de serviços de agosto, divulgado amanhã (quarta-feira). Um bom resultado pode gerar nova onda de melhora nas projeções de PIB.