Os brasileiros precisaram se adaptar nas idas aos supermercados após o aumento no preço da carne bovina. É o que mostra diversos relatos ao Estadão sobre pessoas que foram em supermercados da Barra da Tijuca, bairro de classe média alta da zona oeste do Rio de Janeiro.
O primeiro relato foi do analista de sistemas Ricardo Marques, de 60 anos, onde sua família vem reduzindo o consumo de carne bovina, devido aos preços mais elevados. Marques estima que o consumo caiu a um terço do habitual. "De vez em quando eu compro, mas espero uma promoção. Mesmo na promoção está caro", completou.
Com o produto mais caro, a saída é migrar para o frango e, "eventualmente", o peixe. "E mesmo assim o preço do frango está subindo", ponderou Marques, que está atento à influência do mercado internacional nos preços. "Estão exportando tudo para a China e a gente está pagando o pato", afirmou.
Marques mora com a mulher e o filho, na Barra da Tijuca. As compras no mercado, ele faz três vezes por semana. Assim, consegue observar de perto a escalada de preços dos alimentos. "A inflação de alimentos está subindo, não sei como os mais miseráveis estão vivendo", afirmou o analista de sistemas.
A administradora de empresas Daniela Cristiane Rocha, de 39 anos, também reduziu o espaço da carne vermelha na cesta de compras da família. O frango ganhou destaque por causa do preço, mas também por demanda dos filhos, por causa da "moda fitness", contou ela, também enquanto fazia suas compras.
"Estamos consumindo mais frango, às vezes peixe. Até o peixe, que era mais caro, hoje em dia está compensando muito mais do que a carne (vermelha)", disse a administradora, que compra verduras e carnes semanalmente para a família, formada por ela, o marido e os dois filhos.
Morando sozinha no Rio, a aposentada Maria de Fátima da Silva, de 64 anos, já vinha reduzindo o consumo de carne vermelha, por causa da saúde. Frango, peixe, frutas e legumes agora ocupam mais espaço na sua alimentação. O que não quer dizer que a aposentada também não se assuste com os preços mais altos da carne bovina. Com frequência, ela fica na casa da filha, para cuidar do neto, que não dispensa a carne vermelha.
"Está muito cara. A alcatra, que compramos a R$ 29,90 (por quilo), já cheguei a comprar a R$ 22 (por quilo). Para mim, é caro", contou a aposentada, enquanto escolhia um corte para o neto.