A carne cultivada está se aproximando cada vez mais da mesa dos consumidores. Com avanços significativos na eficiência do processo de desenvolvimento de carne suína, o prazo de produção foi reduzido para apenas uma semana.
No início deste ano, a empresa holandesa de biotecnologia Meatable, especializada em carne cultivada, indicou que o tempo de produção poderia levar algumas semanas. Isso já representaria uma melhoria considerável em comparação com a produção em fazendas de suínos, onde o ciclo de criação do animal, desde o nascimento até o abate, leva oito meses. No entanto, no final de maio, a Meatable anunciou que havia superado seu próprio recorde.
"Ano passado, levamos três semanas para diferenciar as células e agora conseguimos reduzir isso para apenas alguns dias. Esperamos continuar diminuindo esse tempo", afirmou Daan Luining, co-fundador e CTO (Chief Technology Officer) da Meatable. "Desenvolvemos um produto de alta qualidade, com expressões de proteínas e cadeias longas de ácidos graxos, que são essenciais para proporcionar a experiência sensorial única da carne suína".
A Meatable produz carne cultivada a partir de uma única célula animal, utilizando a tecnologia opti-ox, também utilizada pela empresa de biologia sintética Bit.bio para produzir células humanas destinadas a medicamentos. Essa tecnologia permite que a Meatable converta as células-tronco animais em carne para consumo.
A célula inicial da Bit.bio é ligeiramente diferente das utilizadas por outras empresas. Trata-se de uma célula-tronco pluripotente, que pode ser facilmente cultivada e convertida em tecidos específicos, como músculo e gordura, os componentes básicos da carne suína.
Além disso, a Meatable desenvolveu um processo contínuo de perfusão capaz de gerar 80 milhões de células por mililitro, o que torna a produção mais produtiva e fácil de ser ampliada.
Esse avanço é um marco importante para a Meatable, segundo Krijn de Nood, co-fundador e CEO da empresa. "Agora demonstramos que temos o processo mais eficiente do mundo, o que é essencial se quisermos criar produtos que possam competir com os preços baixos da carne convencional".
Quanto à sustentabilidade da carne cultivada, um estudo preliminar da Universidade de Davis, na Califórnia, levantou preocupações sobre as emissões de gases de efeito estufa associadas à produção de carne cultivada. No entanto, uma análise da consultoria de sustentabilidade CE Delft sugere que, se mais de 30% da energia utilizada for proveniente de fontes renováveis, a carne cultivada pode ser mais sustentável do que a criação convencional de frangos, podendo reduzir significativamente os impactos do aquecimento global em comparação com a carne bovina convencional.
A Meatable já está testando meios de cultura em que 70% dos ingredientes são de qualidade alimentar, em vez de farmacêutica, e está trabalhando para aumentar ainda mais essa proporção.