Ex-executivo da Tesla chega ao Brasil com aposta em empresa de bateria

Não será uma tarefa fácil, já que o governo brasileiro quase não oferece subsídios para energia renovável

Marco Krapels, ex-vice-presidente de expansão internacional para energia solar e armazenamento da Tesla , a fabricante de carros elétricos do bilionário Elon Musk , trocou a Califórnia pelo Brasil, onde pretende fazer deslanchar uma empresa que produz grandes baterias.

Krapels comanda a MicroPower-Comerc, com sede em São Paulo, numa parceria com a Siemens. A empresa aposta nas grandes baterias móveis como alternativa para reduzir o uso de geradores a diesel durante blecautes no país.

Não será uma tarefa fácil, já que o governo brasileiro quase não oferece subsídios para energia renovável e impõe altos impostos de importação. E o mercado doméstico de grandes baterias é praticamente inexistente.

Mesmo assim, Krapels vê oportunidades em um país com fornecimento de energia elétrica instável em muitas regiões. E acredita num grande potencial para a energia eólica e solar.

Em entrevista por telefone à Bloomberg, o empresário disse que o negócio é para os "fortes" e que "há uma vantagem em ser o primeiro a entrar no mercado".

Grande parte da matriz energética do Brasil já é renovável, com cerca de dois terços da eletricidade gerada por hidrelétricas. Parques eólicos também mostraram forte expansão nos últimos anos. Mas muitas empresas precisam usar regularmente geradores a diesel em regiões onde os blecautes são frequentes. 

Parceria com Comerc e Siemens

Krapels começou a explorar o potencial de baterias no Brasil quando trabalhou na SolarCity, adquirida pela Tesla em 2016. O executivo buscava um grande mercado com uma rede elétrica ocasionalmente instável e sem subsídios significativos do governo. O Brasil cumpria todos os requisitos. 

A MicroPower, fundada no ano passado, fornece sistemas de bateria a base de lítio para grandes varejistas, hotéis e outros clientes comerciais e industriais que queiram substituir seus geradores a diesel. Os sistemas, que a MicroPower instala e mantém sob sua propriedade e administração, também permitem que os clientes armazenem energia no período noturno, quando o custo da eletricidade cai, para usá-la durante o dia.

A empresa já instalou sistemas-piloto em uma engarrafadora da Coca-Cola e em um restaurante do McDonald’s.

A Comerc, uma trading e gestora de energia de São Paulo, comprou uma participação na empresa há cerca de 18 meses. Em julho, o braço de investimentos da Siemens adquiriu uma fatia de 20%. 

Impostos são entrave

Um dos principais desafios da MicroPower é navegar na complexa estrutura tributária e regulatória do Brasil. A empresa não fabrica seus sistemas, e os impostos de importação do país respondem por cerca de 65% dos custos das baterias. Para contornar esse problema, a MicroPower estuda comprar componentes de bateria no exterior e montá-los no Brasil, disse Peter Conklin, ex-executivo da SunEdison que cofundou a MicroPower, onde é diretor de operações.

A agência Bloomberg prevê que a capacidade global de armazenamento de baterias suba dos atuais 29,4 gigawatt-hora para 710,6 gigawatt-hora em 2029. A quantidade de armazenamento no Brasil, no entanto, é insignificante. 

Bloomberg 

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