O Grupo Mateus (GMAT) chegou fazendo barulho na bolsa brasileira. A empresa é uma potência varejista no Norte e Nordeste do país, com planos ambiciosos para os próximos anos.
A empresa, fundada por um ex-garimpeiro, protagonizou a maior oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de 2020, ao arrecadar cerca de R$ 4,63 bilhões no começo de setembro. A cifra colocou a companhia no topo da lista de empresas nordestinas na bolsa brasileira. Na estreia, a demanda bateu em cinco vezes o volume ofertado.
O Grupo Mateus acumula queda de 1,8% desde a estreia, mas só em novembro já subiu cerca de 11%.
Ao se deparar com uma novata na bolsa, é comum a indagação: vale a pena investir? Para os analistas do Bradesco BBI e da XP Investimentos, no caso do Grupo Mateus, a resposta é sim.
A estratégia de expansão e consolidação empregada pela companhia é um dos principais destaques positivos apontados e que justicam a visão otimista para os papéis. Vale lembrar que tanto o Bradesco BBI quanto a XP Investimentos foram coordenadores da oferta, ao lado do BTG Pactual, Itaú BBA, BB Investimentos Santander e Safra.
As duas casas de análise, que iniciaram agora a cobertura da empresa, apontam um potencial de alta de quase 29% para os papéis, com um preço-alvo de R$ 11. A recomendação das duas instituições é de compra (outperform).
Em relatório assinado pelos analistas de varejo Danniela Eiger, Marco Nardini e Thiago Suedt, a XP Investimentos ressalta e vê com bons olhos a estratégia de expansão da companhia.
O Grupo Mateus tem o plano de dobrar o seu número de lojas até 2025, aumentando para 325 o total. Mas esse plano segue uma tática particular. Após a escolha do estado e da cidade para expansão, o grupo primeiro entra com o seu modelo de atacado (Armazém), para entender o mercado, concorrência, estratégia de preços e desenvolver sua marca, para depois expandir — já com um plano personalizado para as realidades locais. Para a XP, essa abordagem mitiga possíveis riscos na execução da expansão.
Hoje as lojas do grupo se concentram nos estados do Maranhão e Pará. Richard Cathcart, analista do Bradesco BBI, destaca que por se tratarem de dois dos estados mais pobres do país, esses locais recebem pouca atenção dos varejistas nacionais, e vê oportunidades para consolidação também no Tocantins e no Ceará.
Abordando a tática de aproximação utilizada pela rede, o Bradesco ressalta que essa é uma boa forma de monitorar cidades grandes e pequenas. A expectativa do banco é de que a companhia mantenha uma média de 35 a 40 inaugurações por ano. Atualmente, a média é de 15 a 25 novas lojas por ano.
O foco atual da varejista é o estado do Ceará, com a inauguração de um centro de distribuição no Pará para suportar a rede local.
O Grupo Mateus está apenas no começo, mas já bate de frente e apresenta vantagens competitivas com os maiores players do mercado. Segundo cálculos da XP, o crescimento médio anual esperado para o lucro é de 39% entre 2019 e 2024. "Isso se compara a um crescimento de receita e lucro de 9%-25% para o Carrefour e 16%-22% para GPA, respectivamente."
A XP Investimentos também destaca que o Grupo Mateus ainda tem espaço para crescer outros canais e serviços.
Atualmente, a empresa tem apenas 1% das vendas realizadas em seu canal digital. Os serviços nanceiros também estão no estágio iniciais, mas existe o desenvolvimento de programas de delidade e cashback.
Riscos
Embora as perspectivas sejam positivas, também é preciso pesar os riscos de um investimento. Um ponto citado pelas duas instituições é o um dos incentivos socais recebidos no estado do Maranhão e que terão em 2022.
A XP Investimentos também vê o m do auxílio emergencial tendo impacto nas vendas, o que pode representar uma queda de 2,5% em 2021.
Outro risco endereçado pelo Bradesco BBI é uma tentativa de expansão para além dos Estados do Norte e Nordeste já mencionados. Isso levaria a um aumento de competição, que pode ser prejudicial. No entanto, o banco não vê isso acontecendo no curto prazo.
Recentemente, as ações da companhia foram penalizadas pela notícia de problemas em processos internos - justicados como normais pela companhia. A reação do mercado foi vista como exagerada por parte dos analistas.