A Cúpula da Amazônia, iniciada nesta terça-feira, reunindo dirigentes dos oito países sul-americanos que acolhem a importante floresta em seus territórios, além de convidados interessados nas questões climáticas, já apresenta os primeiros indicativos de que mudanças significativas deverão ocorrer a partir de agora. Transformações que permitem parcerias consistentes, capazes de resultar na proteção, mas, também, na exploração racional dos recursos naturais da região, em favor do desenvolvimento econômico e social de seu povo.
O Presidente Lula, ao recepcionar os integrantes natos e os convidados, fez questão de dar significado a um desejo que tem manifestado nos últimos dias, de que não quer a Amazônia como um santuário para o mundo, como um território preservado apenas por ser de interesse para o clima do planeta, mas como uma região que precisa sair do subdesenvolvimento histórico, explorar suas imensas riquezas e potencialidades em favor dos seus habitantes, que precisam se integrar um ciclo novo de prosperidade. Eu seu discurso de abertura, Lula disse que a Amazônia não pode ser tratada como “grande depósito de riqueza”, e indicou que na floresta estarão as soluções para os problemas.
ALÉM DAS QUESTÕES CLIMÁTICAS
As iniciativas governamentais, de acordo com o presidente brasileiro, precisam ir além das questões climáticas- de interesse mundial -, mas devem voltar-se, de modo prioritário, para proteger as populações amazônicas contra o extermínio histórico de sua gente, as queimadas permanentes, o isolamento das pessoas por falta de meios de comunicação, as invasões, as expulsões dos nativos de suas terras, a exploração criminosa de metais preciosos, como o ouro e o diamante, os assassinatos em série praticados impunemente ao longo da história.
É impossível querer-se uma Amazônia de pé, intocável, preservada, sem que seu povo esteja igualmente, prioritariamente, também de pé, protegido, preservado, produtivo, integrado ao anseio nacional de desenvolvimento justo e equilibrado. E esse esforço precisa do empenho dos governantes, do Brasil e dos outros sete países, mas, necessariamente, da compreensão e da presença política e material de dirigentes mundiais, sobretudo daqueles que governam as nações mais desenvolvidas no mundo.
ANÚNCIO DE PARCERIAS
Sinais claros e reais dessa nova visão sobre a Amazônia começaram a despontar, com o anúncio de parcerias entre o BNDES e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, garantindo inicialmente R$ 4,5 bilhões destinados ao financiamento de pequenas e médias empresas da Amazônia Legal.
Outra notícia importante foi anunciada pelo vice-presidente da República e ministro da Indústria, Comércio e Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, de que os empreendedores da região amazônica poderão agora contar com os resultados de uma parceria inédita, formada pela integração de 19 bancos de desenvolvimento de toda a região, sob a liderança do BNDES e do BID, que disponibilizará U$ 25 bilhões de dólares para atividades desenvolvimentistas na região. Isso representa mais de R$ 120 bilhões de reais, algo de muito peso para um esforço que está apenas começando.
Os brasileiros, em particular, esperam que a Amazônia seja desenvolvida de modo sustentável, interrompendo os históricos de destruição, sendo o Brasil e os outros sete países, capazes de fortalecer mecanismos de defesa, de proteção, de interrupção das danosas ações criminosas que vêm sendo perpetuadas. E que sejam igualmente capazes de trabalhar de maneira harmônica, integrada, sintonizada em projetos regionais que garantam às populações encontrar suas próprias saídas, explorando de forma responsável, com rigoroso respeito ao interesse coletivo e à preservação do meio ambiente.
Se assim caminharmos, teremos, de fato, razões de sobra para apresentar a Amazônia ao mundo como um exemplo para a humanidade e um orgulho para todos nós.