Temperaturas elevadíssimas do último mês de julho, impulsionadas pelo fenômeno El Niño, refletiram-se em fortes ondas de calor na maior parte do Hemisfério Norte, com maior incidência no Mediterrâneo, na América do Norte, no Oriente Médio e na Ásia Central. O serviço climático Copernicus, da União Europeia, confirmou que a temperatura média global do mês sofreu elevação de 1,5ºC, tornando-se a mais quente comparando-se aos níveis pré-industriais. Por todas as comparações científicas verificadas, o fato preocupa especialmente por cravar uma sequência crescente de elevação das temperaturas.
E como terrível consequência dessa onda de calor, violentos incêndios florestais atingiram nesta semana a ilha de Maui, no estado do Havaí, nos Estados Unidos, sendo os eventos mais destruidores dos últimos tempos. Ao todo, 55 pessoas morreram por causa dos incêndios, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelas autoridades norte-americanas.
Turistas e moradores tiveram que fugir das chamas. Algumas pessoas entraram na água do mar para escapar da fumaça e do fogo, até serem resgatadas pela Guarda Costeira. A Cruz Vermelha Americana abriu um centro para receber pessoas deslocadas. As mortes ocorreram na localidade de Lahaina, Havaí, informou o condado de Maui. Mais de 11 mil pessoas precisaram ser retiradas de suas casas. Segundo as autoridades, mais de 1 mil construções foram danificadas ou destruídas pelas chamas, e dezenas de pessoas ficaram feridas.
VÁRIOS FATORES
De acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA, os atuais incêndios florestais ficaram fortes devido a uma combinação de condições: vegetação seca, ventos fortes e baixa umidade. Um furacão também piorou as chamas em todo o estado.
De acordo com a Universidade do Havaí, quase todos os anos há grandes incêndios em algumas partes do arquipélago havaiano, mas a intensidade dos incêndios deste ano é incomum.
Esses informes da imprensa internacional vão nos dando os verdadeiros sinais de que estamos diante de um quadro mundial preocupante em relação à segurança climática. Se os incêndios aumentam em intensidade e frequência e avolumam-se em tamanho, o mesmo há de se dizer da situação dos oceanos, que têm tido suas temperaturas elevadas. Apenas em julho, ficaram 0,51º acima da média global observada entre 1991-2000. No Atlântico Norte, porém, as temperaturas subiram mais, no nível de 1,05º, com ondas de calor registradas no sul da Groelândia, no Mar de Labrador, na bacia do Caribe e no Mar Mediterrâneo.
MORTE DE ANIMAIS
Num arquipélago no sul da Flórida, nos Estados Unidos, foi registrada a morte de milhares de animais marinhos, que sobrevivem a temperaturas entre 21 e 28,8ºC, mas segundo registros captados opor serviço meteorológico oficial, as águas oceânicas chegaram a 38,4ªC, incompatíveis à sobrevivência. Esse arquipélago é um dos maiores do mundo e se estende por cerca de 580 quilômetros.
Esses fenômenos acarretam consequências desalentadoras para as pessoas de diferentes regiões, e o planeta fica cada dia mais exposto a eventos extremos sempre mais frequentes e intensos, como as inundações, furacões, maremotos, terremotos e abalos sísmicos de resultados imprevistos. Isso vem causando, além de mortes de humanos e outros animais, destruição ambiental incalculável, perdas materiais gigantescas, com destruição de moradias e bens públicos, além de outro sério problema, um profundo dano aos solos destinados à produção de alimentos. Há registros oficiais de que, em decorrência desses desastres, sejam incêndios ou ocupação territorial pelos mares, com inundações e destruição das áreas de plantios, a oferta de alimentos vem diminuindo no mundo de maneira acentuada e constante, o que tem possibilitado um visível o aumento da fome em muitas regiões do mundo.
CÚPULA DA AMAZÔNIA
Muito acertadamente, a Cúpula da Amazônia, realizada no Brasil durante esta semana, concluiu seus trabalhos voltando a conclamar os países ricos a desembolsarem anualmente 200 bilhões de dólares para que os países pobres e em desenvolvimento possam desenvolver ações protetoras ao meio ambiente, conseguindo, junto a essas iniciativas, também alcançarem desenvolvimento econômico e social para seus povos.
Sabe-se que desde 2015, quando ocorreu o Acordo de Paris (também conhecido como Acordo Climático), os países ricos assinaram documento comprometendo-se a liberar RS$ 100 bilhões por ano, mas isso nunca cumpriram. E como deixaram de honrar esses compromissos, os valores hoje necessários para ações reparadoras da natureza destruída, já não podem ser alcançadas com aquele valor fixado em 2015. Daí, os líderes dos Estados Amazônicos indicarem a necessidade dos 200 bilhões de dólares anuais.