José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Ata do Copom pode forçar a antecipação do nome para o Banco Central

O Copom justifica a manutenção das taxas com a projeção de aumento da inflação devido ao aumento do emprego e consumo

A ata que o Comitê de Política Monetária divulgou nesta terça-feira (25), na tentativa de esclarecer a decisão da semana passada de interromper o ciclo de quedas da taxa Selic, revela claramente a verdadeira intenção do Banco Central. A de manter os juros oficiais praticados no Brasil como dos mais elevados do mundo, contraponde-se, na prática, à política de estímulo ao desenvolvimento econômico e aos investimentos nos setores sociais, que tem orientado os planos do Governo Lula.

No texto de hoje, o BC avalia que o cenário se tornou mais 'desafiador', com o aumento das projeções de inflação, mesmo em um cenário de taxa de juros mais alta. E chega mesmo a insinuar que um cenário de reajuste para cima das taxas, já exorbitantes atuais, não está descartado. 

As razões alegadas pelos integrantes do Copom como justificativas de seu procedimento são incompatíveis com a realidade da economia. Alegar risco, decorrente de um cenário de aumento do emprego e do consumo como fatores desafiadores à segurança econômica, projetando em si aumento da inflação, é algo que foge da lógica. 

Junto a esse temor trazido pelo reaquecimento da economia, o Copom cita ainda a influência negativa trazida pelos problemas das enchentes no Rio Grande do Sul, um problema localizado, que suponho ser de peso diminuto ao se considerar a economia do país no seu conjunto.

 Banco Central do Brasil./ Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil 

Na verdade, o comportamento do Banco Central, sob o comando de Roberto Campos Neto, tem cada vez mais forte componente político-partidário, como se estivesse a revelar o desejo de não ver prevalecer êxito nas iniciativas do atual governo. 

O Brasil, diante disso, entrou num embate que, ao que parece, só terá fim quando o atual presidente do BC tiver o seu mandato encerrado, em 31 de dezembro.

A resposta para isso poderá ser a antecipação, já agora, do nome que vai substituir Campos Neto em janeiro. 

O contra-ponto a esse comportamento adotado pelo dirigente do Banco Central parece, enfim, que também vira da própria política. Seria a antecipação do nome do substituto de Roberto Campos, mesmo que a confirmação do seu mandato só se dê a partir de janeiro de 2025, após a sabatina e aprovação do Senado, que ocorre até 22 de dezembro deste ano.

Alguns nomes já começam a circular nos bastidores do Planalto e dos meios econômicos. O principal deles é do atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas há outros que passam a ser lembrados, como de Henrique Meireles, de perfil mais moderado/conservador, que mais agradaria o mercado, e que já dirigiu o BC sob o Governo Lula, e apesar de resistência do PT, conseguiu manter a inflação sob controle, sendo eficiente na elevação das reservas brasileiras. 

Este é o embate que se acentuará a partir deste momento, uma disputa disparada por Roberto Campos Neto, que não interessa ao universo do povo brasileiro, e que precisa ter fim.

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