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Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Exclusivo Atos do 8 de janeiro são alerta contra golpe e memória ao simbolismo de Rubens Paiva

A Praça dos Três Poderes será o palco de um importante momento político nesta quarta-feira

A Praça dos Três Poderes, em Brasília, será o palco de um importante momento político nesta quarta-feira, num ato pontuado por iniciativas de devolução à sociedade de bens públicos destruídos ou deteriordados durante os procedimentos criminosos e golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Será, ao mesmo tempo, um simbolismo marcante, não apenas no aspecto da  restauração de bens públicos signiticativos, mas a renovação e ativação da memória coletiva em torno das barbaridades cometidas contra as autoridades constituídas- que foi um  claro atentado à jovem Democracia brasileira-, que tomaram conta da Capital da República naquela fatídica  manhã de domingo. 

Passados dois anos, e até hoje sem que as penas aplicadas pela justiça brasileira tenham alcançado de modo concreto e exemplar os mandantes dos atentados criminosos que tomaram de assalto e danificaram severamente as sedes dos Três Poderes, quis o Governo Lula que esses atos deploráveis sejam lembrados até mesmo de uma forma festiva, no intuito de que tais celebrações possam servir como um sinal permanente de alerta na cabeça das pessoas, para que jamais esqueçam do que ali se passou, e que, do mesmo modo, jamais permitam que tais brutalidades voltem a acontecer no Brasil. 

Por feliz coincidência, os atos de amanhã chegam junto de um acontecimento notável, pleno de significados valorosos, representado pela entrega do Globo de Ouro de melhor atriz à extraordinária brasileira Fernanda Torres, por sua incrível interpretação de Eunice, a mulher de Rubens Paiva, deputado federal do Rio de Janeiro, que teve (a exemplo de centenas de outros compratiotas) seu mandato cassado, foi preso, torturado e assinado durante a ditadura militar que infelicitou o país de 1964 a 1985. 

Na coincidência  dos trágicos, trazer Rubens Paiva e a ditadura de 64 à memória atual, para que ninguém esqueça ou queira ver esquecido o que acontecia durante os anos de chumbo,  faz debruçar-nos sobre as tentativas que criminosamente foram feitas em 8 de janeiro de 2023, cujo golpe intentado não logrou êxito por conta da rápida e corajosa reação organizada dos dirigentes dos três poderes afetados. 

Não fosse a coragem de um Flávio Dino à frente do Ministério da Justiça, de um Alexandre de Moraes, representando a Justiça brasileira ( que, aliás, se fez unânime contra o golpe), do grau de consciência dos dirigentes do Senado e Câmara, da contribuição do procurador-geral da República, entre outros, talvez não estivéssemos aqui no direito de expressar nossa livre manifestação, vivendo, como no passado, sob a ordem e o domínio das baionetas.

Os atos de amanhã começarão na Sala de Audiências do Palácio do Planalto, às 9h30, com a reintegração de obras de arte restauradas após os atos golpistas. Entre elas, destaca-se um raro relógio do século XVII, trazido ao Brasil por D. João VI em 1808. A peça foi recuperada na Suíça, sem custos para o governo brasileiro, a tempo para a comemoração. O relógio, que tem apenas dois exemplares no mundo, havia sido destruído durante os ataques de 2023.

Reunindo autoridades e lideranças de variados segmentos sociais, os atos de amanhã culminarão com um "Abraço da Democracia" na Praça dos Três Poderes. Ainda ontem, num telefonema trocado com a atriz Fernanda Torres, em que expressa sua alegria e seu orgulho pela premiação, o Presidente Lula lembrou que o prêmio chega exatamene dois dias antes de se fazer esse ato de 8 de janeiro, e disse que quer ver 2025 transformado no Ano da Democracia, contra a extrema-direita, contra os fascistas, "pra gente fazer a nossa juventude aprender o que é Democracia, para saber o valor da Democracia e entender o que é viver num estado sem direitos civis", como aconteceu no passado.

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