A atuação do crime organizado contra o meio-ambiente no Brasil sofreu um baque expressivo neste ano de 2024, em razão da atuação forte e determinada dos organismos de controle e fiscalização e presença marcante de forças de segurança.
Os atores dos crimes ambientais foram atingidos duramente naquilo que para eles é mais sensível, o bolso. A atuação do Governo Federal contra as ações destruidoras dessas quadrilhas resultou no confisco de R$ 3,1 bilhões de janeiro a outubro deste ano, sendo R$ 1,15 exclusivamente de crimes ambientais, um valor muito próximo do que foi apreendido com o tráfico de drogas, de R$ 1,17 bilhão. Tudo isso dentro do ambiente da Amazônia, região em que as organizações criminosas mais têm atuado, inclusive com visíveis ramificações no exterior.
No volume dessas apreensões e confiscos feitos pela Polícia Federal e Receita Federal, listam-se carros de luxo, joias, helicópteros, imóveis e embarcações sob as posses dos criminosos.
O patrimônio foi encontrado com alvos por exploração ilegal de ouro, madeira, caça e pesca na floresta amazônica. Na avaliação da PF, a dinâmica mostra como as atividades criminosas na região estão se tornando cada vez mais lucrativas.
Os bens e valores apreendidos pela Polícia Federal em operações para combater atividades ilegais na Amazônia representam um terço de tudo que foi recuperado pela corporação neste ano, superando o volume oriundo de ações sobre corrupção e contrabando.
Desde o ano de 2019 o crime organizado entrou mais fortemente nos espaços ambientais, tendo em vista as penas baixas e os lucros altos, tudo isso associado ao fato de que governantes de então, até final de 2022, baixaram a guarda, desmantelaram os órgãos de controle e fiscalização e fecharam os olhos para as invasões de terras em áreas protegidas da Amazônia.
Com essas danosas e irresponsáveis práticas governamentais, o crime organizado ganhou sinal verde para implantar garimpos ilegais, explorar ouro e outros minerais preciosos e montar uma gigantesca rede de contrabandistas com ramificações poderosas no exterior, com forte presença de países europeus e Estados Unidos. Tudo isso tendo como consequência a expulsão dos povos nativos de suas terras.
A atuação em áreas ambientais da Amazônia, de difícil acesso e improvável fiscalização, tornou-se o território ideal para que as organizações criminosas ficassem livres para “passar a boiada”, como popularmente foi batizada sua ação criminosa.
Conforme relatório da PF, essa combinação tem levado as facções a recorrerem aos ilícitos ambientais como fonte de renda mais segura do que o tráfico de drogas. As apreensões relacionadas a delitos contra a flora e fauna contribuíram para elevar em 25% o total de bens recuperados neste ano em comparação com o do ano passado, de R$ 2,4 bilhões.