O Brasil terá grande impulso nas suas relações externas a partir de 2025, com expressiva mudança e influência no sistema financeiro internacional, porque vai assumir a Presidência do Brics, importante grupo de países emergentes, formado originalmente por Rússia, Índia, China, África do Sul e Brasil.
Se a presença da ex-Presidente do Brasil, Dilma Roussef, como dirigente do banco dessa instituição desde 2023 já dava importância ao papel do país no exterior, vê-se agora que esse poder aumentará bastante a partir do momento em que o país assuma a Presidência, em rodízio, substituindo a Rússia, que dirige a instituição neste ano de 2024.
A agenda do Brics é muito mais econômica, daí, ser seu foco mais interessante do que do próprio G20, hoje presidido pelo Brasil, mas com uma pauta diversificada, abarcando variadas questões. Ter o comando do Brics significa muito poder no encaminhamento de temas econômicos e financeiros.
Um desses assuntos, de grande avanço nos últimos anos, e que promete acelerar com a presença de Luiz Inácio da Silva na Presidência, diz respeito à mudança de eixo do sistema financeiro e monetário internacional, tendo como prioridade a instituição e uso de moedas locais nas transações comerciais bilaterais, além do gerenciamento de moedas digitais por bancos centrais de acordo com os interesses locais.
Isso significa uma política de grande peso nas relações dos países entre si, com enormes influências regionais, pois representa, de fato, o fim do domínio do dólar, a moeda norte-americana que até hoje tem controlado todas as negociações comerciais no mundo.
Ao entregar a Presidência do G20 em dezembro deste ano, o Brasil deixa implantados eixos significativos de interesse e responsabilidade dos dirigentes mundiais, como o combate à fome, a urgência dos investimentos nos agigantados problemas do clima e a necessidade de que seja posto um fim nos conflitos armados que hoje chegam ao exorbitante número de 56.
Mas caberá ao Presidente Lula, a partir de janeiro de 2025, dar andamento a esse problema que aflige governantes dos países emergentes, sobretudo em países da América Latina, Ásia e África, no tocante às desigualdades econômicas e sociais, e à falta de caminhos para realizar acordos bilaterais mais proveitosos para seus países, pois a imposição do dólar como moeda de troca sempre tem sido uma enorme pedra no caminho.
Cabe ao Brics, além da relevância da substituição do dólar como moeda, tocar uma agenda com temas importantes como cooperação aduaneira, poupança de países emergentes, o projeto do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, o banco do Brics), investimentos em infraestrutura dos países-membros, finanças sustentáveis com cobertura tributária internacional mais robusta, segurança financeira global mais ampla e diversificada e incentivo ao comércio e serviços com moedas locais.