Os transtornos causados pelo consumismo exagerado, anseios para adquirir bens, a necessidade de ter dinheiro no bolso, e as impossibilidades de que tais desejos serem atendidos- uma realidade presente na vida de todos, que se acentua e evolui de maneira notável-, tem sido um impulsor preocupante do adoecimento mental de jovens no mundo, notadamente no Brasil.
Especialistas em estudar esses transtornos, especialmente nos jovens, alertam que o consumismo exagerado, a falta de dinheiro, o desemprego, o sentimento de ausência de autonomia e liberdade, afetam principalmente os mais jovens, com foco muito forte junto às mulheres dessa faixa.
O QUE DIZEM AS PESQUISAS
Um estudo da Organização Mundial de Saúde, realizado em março de 2023, mostra que 10% da população mundial sofre com transtornos mentais, o que representa mais ou menos 720 milhões de pessoas no planeta. E o Brasil é o país que lidera o ranking de ansiedade e depressão na América Latina, com quase 19 milhões de pessoas submetidas a essa condição.
Pesquisas têm mostrado que oito a cada dez brasileiros de 15 a 29 anos apresentaram nos últimos anos algum problema de saúde mental, prevalecendo a ansiedade, que já atinge 9,3% do total da população. São vários os estudos que apontam o Brasil como um dos países mais ansiosos do mundo, já se tornando o quinto em depressão.
NÚMEROS ALARMANTES
Segundo dados da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), vinculada ao SUS, uma tendência passou a ser enormemente preocupante: entre 2013 e 2023, pela primeira vez no Brasil, a ansiedade entre crianças e jovens superou os índices observados junto à população geral do país. Em 2023, a taxa de jovens de 10 a 14 anos atendidos por transtornos de ansiedade atingiu 125,8 a cada 100 mil; e, entre adolescentes, 157 a cada 100 mil. Esse contraste com adultos acima de 20 anos se reflete na taxa de 112 a cada 100 mil.
O agravamento desse quadro vem levando o Governo Federal, através do Ministério da Saúde, a ampliar os níveis de atendimento à saúde mental dentro do programa Saúde da Família. Hoje já são mais de 1 milhão de atendimentos por dia.
Esses atendimentos estão indo além da ansiedade e depressão, pois há clareza e compreensão de que, entre as famílias pobres, questões básicas como alimentação, renda, lazer, cultura, moradia, têm forte influência sobre as condições de saúde de mulheres e jovens em especial.
Em 30 anos, a saúde da família tem resultados importantes na elevação da expectativa de vida e redução da mortalidade infantil, bem como na diminuição das desigualdades.