José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Crescente número de refugiados vai se agravar se Trump cumprir promessas

O ano de 2024 passou a ser rotulado como o ápice das guerras e conflitos armados em diversas partes do planeta, formando um conjunto nunca visto de 52 episódios

Temos visto e analisado com alguma frequência o gritante e crescente problema dos refugiados, que já somaram em 2024 um universo formado por mais de 120 milhões de seres humanos, tangidos de seus territórios naturais em decorrência de uma soma de problemas, mas, essencialmente, em razão da violência e opressão trazidas pelas guerras e conflitos armados. 

Mais agudamente, também, nos últimos anos, os desastres climáticos vindos por inundações, queimadas, terremotos, abalos sísmicos, escassez de água potável- tudo isso resultante de desequilíbrios ecológicos-, têm tido presença constante.

O ano de 2024 passou a ser rotulado como o ápice das guerras e conflitos armados em diversas partes do planeta, formando um conjunto nunca visto de 52 episódios, que vão muito além dos habitualmente destacados pela mídia, como as guerras entre UcrâniaXRússia, IsraelXPalestinos e IsraelXLíbano. O número de refugiados mundiais cresceu 8% em 2024, relativamente ao ano anterior, e não se vislumbra nenhum sinal de que essa escalada possa ser reduzida ou atenuada.

Só no Brasil existem oficialmente reconhecidas, conforme o Observatório das Migrações Internacionais, na 9ª edição de seu anuário, nada menos do que 143 mil refugiados. Apenas em 2023 foram reconhecidas pelo Governo 77.193 pessoas nessa condição. Os venezuelanos somam 112.644 pessoas, representando 81,4% de todos que buscaram o Brasil como refúgio. A ONU reconhece que a cada minuto 20 pessoas têm de deixar para trás sua terra de origem, para escapar de conflitos.

E aqui outro dado perverso: cerca de 40% das pessoas deslocadas são menores de idade, crianças e adolescentes em fase de formação. E ainda, conforme a ONU, 1 em cada 69 pessoas no mundo está sujeita a esse tipo de violação, que tem aumentando sem parar nos últimos 12 anos.

Fragilizadas pela violência nos seus territórios naturais, famílias inteiras buscam acolhimento em outros países, e o normal é que visem lugares com mais desenvolvimento econômico, nos quais possam refazer suas vidas, reintegrando-se ao mercado de trabalho e assegurando educação e segurança para seus filhos. 

Dessa forma, países como Canadá, Reino Unido, Estados Unidos, Espanha, Itália, França, e nações em desenvolvimento como Brasil, sejam o foco desses refúgios.

No meio desse turbilhão, muitos cérebros privilegiados, cientistas de nível elevado, juntam-se às levas de refugiados e vão prestar serviços nos países que os acolhem, significando um ganho expressivo para essas nações acolhedoras. Mas nem todos contam com esse privilégio, sobretudo aqueles refugiados sem qualificação profissional definida, muitos deles permanecendo nos lugares que adotaram por razões humanitárias.

Agora mesmo, num desses mais expressivos ambientes de acolhimento, os Estados Unidos, país que historicamente se firmou como um farol de esperança para refugiados e pessoas perseguidas do mundo todo, a história está prestes a mudar de maneira drástica. Donald Trump, o presidente eleito do país, que toma posse nesse 20 de janeiro, promete fazer dura jornada contra os imigrantes de modo geral, nisso atingindo indiscriminadamente todos os refugiados.

Para demonstrar a gravidade do que a ameaça de Trump constitui, somente no ano de 2024 os EUA receberam 65 mil refugiados  e o seu Programa de Admissão de Refugiados (USRAP), anunciava em 20 de junho passado a disposição do governo e da diplomacia americana de acolher o maior número de perseguidos de sua história.

A julgar pelos anúncios que Donald Trump tem feito, tudo isso vai mudar, colococando em desespero milhares e milhares de seres humanos impossibilitados de viver no lugar em que nasceram, jogando sobre as mais diversas nações do mundo a responsabildiade de evitar novas tragégias humanas.

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