Neste próximo 1º de Dezembro, o presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva assume o comando do G20, numa fase bastante conturbada da humanidade, sobretudo face à presença de graves consequências trazidas por conflitos armados entre Israel e Palestina, Rússia e Ucrânia, o recrudescimento da miséria e da fome em várias partes do mundo e o aumento danoso, mortal, de desastres ambientais em diversas partes do planeta, resultantes dos desequilíbrios, da severa degradação por que a natureza vem passando.
Lula chega à presidência desse importante grupo que reúne as 20 maiores economias mundiais, em meio, portanto, a preocupantes descaminhos que o mundo tomou, mas desponta comprometido a vencer desafios que ele próprio vai colocar à mesa. Dois deles, como já anunciou em recente entrevista, será criar uma força-tarefa para reduzir a fome no mundo e a outra voltada para enfrentar as mudanças climáticas.
O presidente brasileiro sabe, como poucos, que essas duas frentes são essencialmente terminantes para fazer reduzir as desigualdades econômicas que levam milhares e milhares de seres humanos, a cada ano, a entrarem no vergonhoso espectro da fome e, na outra ponta, a barrar os avanços dos desastres ambientais, empreendendo um esforço coletivo vigoroso e eficiente para a restauração de incontáveis ambientes naturais degradados e destruídos pelo próprio homem, por quase todo o planeta.
PAZ
A outra frente à qual Lula dedicará esforços permanentes na sua passagem pela presidência do G20 será, certamente, a missão de fazer as lideranças mundiais compreenderem que é cada vez mais necessário ao mundo viver em paz. O fim das desavenças supostamente incontornáveis, que têm levado países aos conflitos armados, precisam encontrar um ponto inteligente de entendimento. É preciso, assim, oferecer aos dirigentes de nações a compreensão de que a ganância e a arrogância, o anseio desenfreado de posse sobre territórios, têm feito milhares e mais milhares de mortes, em cujo universo pontificam mulheres e crianças.
A realidade com que nos defrontamos é que crianças e mulheres mortas aos montes não têm nada a ver com essas guerras insanas. E suas mortes representam abomináveis crimes de guerra contra humanidade, que estão ocorrendo diante de olhos fechados de organismos internacionais impotentes e desestruturados, a exemplo da ONU. E mais: são, de fato, tragédias estimuladas por potências políticas e econômicas sem envolvimento direto nesses conflitos, mas que são movidas invariavelmente pela ânsia de ganho da indústria das armas que eles ostentam, e ajudam a sustentar suas economias e seus ímpetos de lucro.
O poderoso G20 reúne todos os mais importantes países do mundo, desde a União Europeia no seu conjunto, a potências mundiais como Alemanha, Japão, Canadá, China, até antigos rivais, como Rússia e Estados Unidos, que sentam do mesmo lado, mas historicamente têm posições antagônicas, sobretudo quando se trata de guerra e de produção e comercialização de armamentos. Daí, ser óbvio constatar que buscar um entendimento sobre os fim de conflitos armados não será uma tarefa de fácil convencimento.
Assim, também, como não será fácil levar todas as lideranças ao entendimento de que é necessário firmar-se uma governança mundial ampla, próspera, eficiente nas questões que envolvem destinar recursos financeiros para permitir que países pobres e em desenvolvimento possam desenvolver projetos vitoriosos de reparação ambiental, assim como no dever de socorrer o mundo para o combate urgente e prioritário à fome e à desnutrição.
É isso o que veremos a partir de 1º de dezembro, nesse papel relevante que o Brasil cumprirá durante todo um ano, até final de 2024. Cabe-nos acompanhar com esperança. É o que nos resta.