O ministro Ricardo Lewandowski chega ao comando da Justiça e Segurança Pública num momento difícil- pelos enfrentamentos que terá pela frente-, mas ao mesmo tempo bastante importantes, sobretudo em razão do que já foi feito, com destaque à questão mais emergencial da segurança, durante o período em que Flávio Dino esteve à frente dessa delicada área.
Dino, que assumirá por esses dias um lugar privilegiado como ministro do Supremo Tribunal Federal, teve um desempenho notável no Ministério da Justiça. E por isso tem sido muito elogiado por parte dos que desejam um país decente e em paz, ao mesmo tempo em que sofre terrível combate e veladas ameaças, partindo daqueles que ele corajosamente enfrentou.
Pegou o que, muito certamente, foi um dos anos mais difíceis da administração pública no terreno da segurança da população. Sob seu comando, o Brasil democrático teve que enfrentar as ações dos golpistas que tentaram derrubar, por golpe de Estado, o governo recém-empossado do Presidente Lula; o recrudescimento do crime organizado, com o avanço das facções criminosas e o aumento de poder das milícias no Rio de Janeiro; os crimes hediondos cometidos por garimpeiros ilegais nas terras indígenas e o fortalecimento impressionante do narcotráfico internacional em vários pontos do país, mas especialmente em áreas indígenas da Amazônia.
O novo ministro herda do seu antecessor muitas dessas desgraças, quase todas merecedoras de um combate incessante e interminável, e algumas, como é o caso de 8 de janeiro, ainda carecendo das respostas adequadas ao que de fato se encontrou para a punição dos culpados, mas herda, igualmente, um modo organizado de agir, com um Ministério melhor aparelhado, mais inteligente, mais atuante e mais afeito à interação com outras instituições e Estados da Federação, notadamente no tema segurança pública.
Da metade do ano de 2023 para cá, observa-se claramente que o Ministério da Justiça entrou no ponto certo para atuar no combate à criminalidade, sendo mais ágil, inteligente e eficiente para agir contra um universo fora da lei que é muito bem estruturado, que se alimenta e se nutre de dinheiro sujo vindo de variadas fontes e que lhes permite municiar-se de armamentos poderosos, de modo superior à capacidade do poder público.
Ao escolher as facções criminosas como alvo do seu combate, o Ministro Flávio Dino acertou plenamente. E deixa a Lewandowski uma experiência vitoriosa que, mesmo incipiente ainda, firma um modelo de atuação que não pode ser abandonado. Daí, o próprio ministro, que agora chega ao cargo, ter feito reiteradas afirmações de que sua ação prioritária será o combate incessante ao crime organizado, às facções criminosas, variadas e poderosas que atuam dentro do país, e às organizações internacionais a serviço do narcotráfico, hoje com atuação escancarada no Brasil e atuação desmedida na região amazônica, apossando-se das terras indígenas, potencializando a destruição ambiental, roubando e contrabandeando nas riquezas minerais e violando os direitos humanos de maneira espantosa, com significativo número de mortos.
A escolha do ex-chefe do Ministério Público de São Paulo, Mario Sarrubbo, para comandar a Secretaria Nacional de Segurança Pública, com a missão principal de integrar as polícias e ministérios públicos na tarefa de combater a criminalidade, reforça a opção que Lewandowski fez ao escolher as organizações criminosas como objeto de sua principal atuação. Sarrubbo, que atuou por mais de 30 anos no MP paulista e há quatro chefiava o órgão paulista, é considerado linha dura, com forte viés criminal e uma ampla visão de coordenação e integração.
Toda a expertise que Mario Sarrubbo traz de São Paulo, associada à montagem que Flávio Dino, com o reconhecido trabalho de Ricardo Capelli à frente da Secretaria Nacional, pode resultar numa estruturação eficiente de trabalho, integração e coragem para vencer a criminalidade no Brasil e por na cadeia as lideranças do crime organizado.