O Brasil já registrou perto de 300 mortes (exatas 299, até o momento), atribuídas à dengue, apenas nesses primeiros 65 dias de 2024. Os dados são oficiais, fornecidos pelo Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, divulgados ontem. Além dessas mortes confirmadas, existem outros 765 óbitos que estão sendo investigados, com amplas possibilidades de terem sido causados pela doença infecciosa.
Com relação ao coeficiente de incidência da doença por 100 mil habitantes, o número é de 617,5. Mas há Estados brasileiros em que o registro de casos vem se dando em proporções muito mais preocupantes. Há cidades em São Paulo, por exemplo, em que o número de casos notificados passa dos 4 mil para 100 mil habitantes. Em território paulista, 131 municípios já têm nível pandêmico. O número de mortes no Estado é de 31(122 óbitos em investigação) e já estão confirmados 138.259 casos da doença, que se somam a mais 361,6 mil notificações provações da infecção.
Partindo do nível de incidência constatado em São Paulo, a transmissão da doença atingiu níveis de epidemia. Daí, a condição de emergência para dengue já forma um grupo de nove Estados da Federação (AC, DF, GO, MG, ES, RJ, SC , SP e AP). Em todo o Brasil, 192 municípios já decretaram emergência. O número total de infecções confirmadas em todo o país é de 1.253.019, atingindo 17 Estados e mais o DF. Nas últimas 24 horas, foram registrados 41.656 casos, com mais 21 mortes.
Dois fatores chamam bastante atenção nessa epidemia de dengue em território brasileiro. Primeiramente, que essa era uma doença muito prevalente nos Estados considerados mais pobres, como os do Norte e Nordeste, daí ser uma infecção associada à pobreza. Agora não mais. A dengue está se alastrando por todas as regiões da nação e o Estado que lidera a incidência de casos não é nordestino, mas Minas Gerais, no Sudeste, que ostenta o desagradável patamar de 424.179 casos e 49 mortes. Aos mineiros, seguem-se os Estados de São Paulo com 225.00 notificações; Paraná, com 123.288; Distrito Federal, 118.895; Rio de Janeiro, 95.700; Goiás, 72.222; Espírito Santo, 46.229 e Santa Catarina, com 35.824. Entre os nove primeiros, nenhum é do Nordeste.
O outro mito que essa preocupante onda da doença está desfazendo é o de que o mosquito da dengue se prolifera em água suja e parada. Sabe-se, agora, que as fêmeas da Aedes não têm preferência pelo tipo de água, seja limpa ou suja. Por conta disso, torna-se imperioso a cada pessoa conscientizar-se da importância absoluta de acabar com qualquer reservatório de água parada, independente de seu estado e qualidade.
Somando-se a esse complicador da proliferação do mosquito em qualquer tipo de água, a questão da vacina ainda é um problema a ser resolvido, pois o que existe em fabricação no Brasil, embora tenha eficácia atestada como “muito satisfatória”, ainda está em desenvolvimento no Instituto Butantan, em São Paulo, e necessitará de aprovação da Anvisa para que chegue à população.
Diante de tais circunstâncias, cabe aos governantes desenvolverem ações e campanhas de conscientização, para que as pessoas, em todas as partes do país, cumpram a sua parte de eliminar qualquer possibilidade de foco. E isso é uma tarefa que não é fácil.