José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Nordeste nunca esteve tão perto de superar as barreiras das desigualdades

Nordeste brasileiro destaca-se na geração de energia limpa, transformando desafios climáticos em oportunidades e atraindo investimentos significativos.

O Nordeste brasileiro nunca esteve tão próximo de acelerar seus passos no esforço de reduzir as desigualdades econômicas e sociais que o separam de outras regiões do país, sobretudo do Sul e Sudeste, uma luta histórica que em muitos momentos pareceu inalcançável. Pela primeira vez os nordestinos começam a enxergar, com bastante clareza, a presença de uma série de motivos que sinalizam para esse otimismo e fazem acreditar num processo de desenvolvimento contínuo e sem retrocesso.

São motivos reais, palpáveis, todos suscetíveis de tornar-se realidade, como, aliás, já está acontecendo. O Nordeste descobre-se o centro de grandes riquezas, capazes de transformar suas estruturas e contribuir diretamente para fazer o Brasil situar-se no mundo como o exemplo, quando o assunto é transição energética.

Parece até ironia, mas justamente os fatores climáticos que faziam o Nordeste- por falta de chuva e predominância exponencial de sol-, sofrer com os episódios cíclicos de grandes secas e ausência de produção agrícola, recaindo sobre a fome, constituem-se hoje nos mais extraordinários atributos da região num dos segmentos econômicos mais sonhados pela humanidade: a geração de energias limpas, renováveis, capazes de tornar os países livres dos combustíveis fósseis, causadores de poluição.

ENERGIA LIMPA

É, sim, o Nordeste, o mais importante polo de geração de energia limpa, vinda das fontes eólica e solar, graças exatamente à existência, em abundância, permanência e domínio, de muito sol e bastantes ventos. No mapa da geração de energia brasileiro, o chamado Subsistema Nordeste já representa 90% de toda a produção de energia eólica, detendo 70,4 do total de 78TWh produzido no país. A fonte solar já representa quase 12% e a fonte eólica mais de 16% de toda a energia gerada no Brasil, embora sejam dois segmentos com pouco mais de 10 anos de geração industrial.

A energia eólica, movida pelos ventos, primeira das novas fontes a ser explorada no Brasil, é recordista absoluta de instalações e já trouxe para o país cerca de R$ 300 bilhões de investimentos. A tendência, até 2030, é de mais R$ 175 bilhões de novos recursos. A fonte solar, por sua vez, desde 2012, já trouxe ao Brasil mais de R$ 150 bilhões em novos recursos, gerando algo próximo de 1 milhão de empregos.

Abraçando esse potencial natural existente no Nordeste como fontes exponenciais de energias renováveis, governantes estaduais, com notável desempenho de Rafael Fonteles, no Piauí, mas igualmente por governadores da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte, têm feito um esforço elogiável para atrair novos investimentos para seus Estados. Com olho no futuro e pés no presente, alguns deles, a exemplo de Fonteles, têm rodado o mundo, mostrando do que o Nordeste é capaz e apresentando projetos que possam trazer dinheiro estrangeiro para a região.

INVESTIDORES 

E os investidores têm sinalizado positivamente para esses apelos, sabedores de que essa crescente e abundante geração de eólica e solar é a resposta real que governantes e investidores do mundo todo desejam ver acontecer, fazendo a transição energética que todos sonhavam mas não sabiam como fazer.

À visão correta que governantes estaduais hoje possuem sobre as potencialidades excepcionais que o Nordeste oferece no campo da transição energética e que por si já é um forte apelo ao mundo, o Presidente Lula está trazendo outro ingrediente importantíssimo: a sua vontade política de ver a região fortalecida institucionalmente, trazendo para cá organismos que prometem dar, em futuro próximo, a montagem de novos projetos, que sejam modeladores de desenvolvimento para a região.

É nesse entendimento, que Lula anunciou na semana passada a instalação de um Parque Tecnológico Aeroespacial na Bahia, de uma Escola de Sargentos em Pernambuco e uma unidade do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), no Estado do Ceará. Com isso, o Presidente da República tem a compreensão de que o Nordeste não pode ser visto por seus problemas, mas precisa ser olhado como centro de solução do seu próprio destino e de seu desenvolvimento.

O ITA, opor exemplo, que mudou radicalmente São José dos Campos, no interior de São Paulo, foi marcante para a afirmação da indústria aeronáutica nacional. No Nordeste, essa unidade deverá ter impactos relevantes, com a presença de um corpo docente altamente qualificado, formador, contagiante, de uma nova consciência para a região. O mesmo deverá ocorrer com o Parque Tecnológico da Bahia.

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