José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Novas políticas do BNDES ajudam o Brasil a sair da crise

Desde 2018, BNDES passou a favorecer a agricultura e a agropecuária, retirando o apoio histórico e merecido concedido à indústria

O Brasil começa a dar passos seguros para sair da grave crise a que a indústria nacional foi submetida nos últimos anos, sobretudo a partir de 2018, sob Michel Temer, uma atitude abraçada com entusiasmo por seu sucessor, Jair Bolsonaro, de diminuir, de modo gradual e acentuado, o financiamento aos setores produtivos industriais,  optando por direcionar os recursos do BNDES prioritariamente para o setor do agronegócio.

Não que o agronegócio- importante para as exportações brasileiras, com peso expressivo na nossa balança comercial-, não mereça dos governantes apoio e incentivo para fazer prosperar suas atividades, isso também significando, em certo sentido, prosperidade para o país. Mas levar recursos de um banco público da importância do BNDES para apoiar a produção do campo em detrimento da retirada de financiamento aos setores industriais, é algo sem qualquer justificativa, entendimento e razoabilidade. 

Ora, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), que depois recebeu um “S” de acréscimo, significando o Social, assim tornando-se o BNDES de hoje, nasceu por decisão do Presidente Getúlio Vargas em 1952, exatamente com o objetivo de assegurar investimentos à indústria, desde então considerado o setor mais dinâmico, inovador e estratégico de qualquer economia, garantidor de emprego e renda e, portanto, um segmento significativo de desenvolvimento com equilíbrio e harmonia.

Assim, a indústria brasileira se implantou e avançou ao longo dos tempos, cumprindo um papel muito importante para a economia nacional. 

MUDANÇA EM 2018

Mas essa balança no BNDES começou a mudar de lado pela primeira vez em 2018, passando a favorecer a agricultura e pecuária de grande produção exportadora, em detrimento dos setores industriais. Observando-se o desempenho do banco estatal ao longo dos anos, vamos encontrar que em 2009 o agronegócio recebeu 5% dos recursos, enquanto a indústria deteve 47%, o que representa R$ 134,9 bilhões em valores atualizados.

Cerca de dez anos depois, acelerou-se a mudança de rumo nos financiamentos oficiais, como se verifica em 2021, quando o banco estatal de fomento destinou 26% de seus recursos para os grandes produtores rurais, enquanto os setores da produção industrial receberam apenas 16%, em valores corrigidos pela inflação, uma relação de R$ 18 bilhões para pouco mais de R$ 11 bilhões.

SETOR INDUSTRIAL PERDE FÔLEGO 

Embora o agronegócio sempre tenha contado, de maneira ininterrupta e progressiva, com recursos do Banco do Brasil, os dois governantes anteriores a Lula resolveram ampliar os financiamentos a esse setor, através do outro banco oficial, mas fez isso retirando o apoio histórico e merecido concedido à indústria. Resultado dessa política enviesada, é que o setor industrial passou a perder fôlego, a diminuir seu tamanho e a envelhecer, numa hora em que a competitividade internacional passou a exigir sempre maior inovação tecnológica.

Muito do que era fabricado no Brasil passou a ser produzido na China. Um dos setores mais afetados é o da fabricação e montagem de carros, que passou muito fortemente a depender de peças produzidas no exterior, e a indústria naval sofreu uma verdadeira derrocada. Por não ter um parque industrial atualizado e moderno, o Brasil perdeu importância, passando a gerar desemprego e apreensão social.

REINDUSTRIALIZAÇÃO DO BRASIL

Daí, a pregação que o Presidente Lula tem feito no sentido da necessidade e da urgência de reindustrialização do país. Entendo a mensagem, o BNDES do novo governo, agora sob a gestão do competente economista e político Aloísio Mercadante, está mudando essa forma de destinação dos financiamentos do banco, na compreensão de que é preciso retomar a vocação, da qual se desviou, de financiar o setor industrial. E é sob essa ótica, que o banco está adotando novas medidas.

Uma delas, visa diminuir o custo de exportadores para que os produtos brasileiros ganhem mercado internacional, reduzindo em 61% o seu spread, ou seja, a diferença entre a taxa cobrada das empresas e a taxa de captação. E a tendência é que o BNDES abra mão de vez dessa cobrança. 

Outra decisão importante, foi colocar cerca de R$ 5 bilhões, a custos mais acessíveis, para que as empresas industriais tenham acesso a créditos para projetos de inovação, uma escolha acertada para quem deseja ver o parque industrial brasileiro atualizado e competitivo.

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