José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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O Brasil e o mundo precisam aplaudir a garra e o talento das mulheres negras

O mundo, assim, com orgulho e esperança, vai se rendendo ao poder, ao talento, ao foco, à seriedade e à garra das mulheres

As Olimpíadas de Paris trazem ao Brasil um resultado bastante positivo e animador, não certamente pelo número de medalhas conquistadas (20, abaixo de Tóquio, quando arrebatou 21 e teve maior número de medalhas de ouro), mas, de maneira muito especial, pela participação das mulheres no pódio e pelo fato de que o governo brasileiro voltou, desde 2023, a investir na preparação esportiva dos nossos jovens, restabelecendo o Ministério dos Esportes e voltando a bancar o Bolsa Atleta.

bolsa atleta

Se os resultados dessa ação governamental não chegam imediatamente, não se transformam rapidamente em medalhas, há que se comemorar o fato de que os futuros atletas brasileiros voltam a contar com dinheiro público nas suas árduas tarefas de preparação, tendo a certeza de que não serão interrompidos no meio do caminho. E de que uma interrupção danosa como a que se verificou, praticada entre 2019 e 2022, não volte a prejudicar os seus planos de conquista.

Essa lamentável interrupção ocorreu durante o governo anterior, que do dia para a noite extinguiu o Ministérios dos Esportes, colocando em seu lugar uma secretaria sem poder de atuação e sem recursos para cumprir sua missão. Além da retomada do Bolsa Atleta, agora os recursos do orçamento da União começam a crescer, para assegurar que em Los Angeles, daqui a quatro anos, poderemos, seguramente, alcançar melhor desempenho.

mulheres no pódio 

Nessa memorável trajetória de Paris, festeja-se sobretudo o fato de que as mulheres brasileiras começam a mandar no jogo. Além de terem sido maioria entre os atletas, pela primeira vez na história, elas não esconderam de ninguém o que foram fazer na França: das 20 medalhas conquistadas nesta Olimpíada, 12 ficaram em suas mãos, e as três medalhas de ouro foram todas ganhas por elas. Outro aspecto que chama a atenção é o domínio de mulheres negras sobre a conquista de medalhas.

Veja-se, por exemplo, que entre as quatro medalhistas de ouro (Rebeca Andrade, Beatriz Souza e Ana Patrícia, que fez dupla com Duda no vôlei de praia) são todas mulheres pretas. Todas essas atletas recebem os benefícios do bolsa atleta e algumas têm incentivo de alguma ONG voltada aos esportes, porque o peso do capital nas mãos de mega empresários brasileiros está distante de passar pelos atletas brasileiros. Quando muito, alguma grande empresa oferece patrocínio ao COB exclusivamente para eventos mundiais.

mais investimento

É por essa razão que se torna cada vez mais importante a presença de dinheiro público na vida desses atletas, que são verdadeiros símbolos de resistência no país profundamente desigual e injusto. Quando vencem as gigantescas dificuldades que enfrentam nas suas comunidades, na ausência de condições materiais imposta a seus ambientes familiares e contam com o apoio e “levanta a cabeça” ditados por pai e mãe, conseguem , com essa transformação, encher todos nós de orgulho e esperança.

Não é sem razão que atletas vencedoras, como Rebeca, fazem questão de manifestar a importância do bolsa atleta em sua vida, e destacar a força transmitida por sua família diante de todas as dificuldades passadas. O exemplo dela, de Beatriz, e de outras brasileiras vitoriosas, tem sido visto no mundo. Avança a quantidade de mulheres negras chegando ao pódio não apenas em eventos mundiais, como nessas Olimpíadas de Paris, mas em competições internacionais e nacionais importantes. A presença da grande estrela norte-americana Simone Biles, junto com Rebeca, no pódio, são bem uma demonstração de que as mulheres negras vão brilhar cada vez mais.

encerramento e lançamento

A cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Paris, que marcou também o pré-lançamento da Olimpíada de Los Angeles, a ser realizada em 2028, expôs, aliás, a presença de uma poderosa mulher negra, numa comprovação de que elas estão conquistando mais e mais espaço no mundo. Refiro-me a Karen Ruth Bass, que estava no palco, ao lado de outra não menos importante mulher, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Karen Bass estará na cidade norte-americana que dirige, para receber pessoas do mundo todo que forem a esse espetacular evento. Ela é a prefeita de Los Angeles, do partido Democrata, sendo a primeira mulher afro-americana a presidir o Legislativo Estadual e conquistar a prefeitura da cidade.

O mundo, assim, com orgulho e esperança, vai se rendendo ao poder, ao talento, ao foco, à seriedade e à garra das mulheres. Com louvor a essas extraordinárias mulheres pretas.

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