Quem imaginava que a Inteligência Artificial era algo a ser terminantemente temido, em razão de seu mau uso por humanos encarregados de produzir mentiras, fake news, deturpar realidades e disseminar ódio, certamente não parou para pensar que essa ferramenta revolucionária pode ter uma aplicação edificante nas empresas e nos serviços públicos. Trata-se de um mecanismo capaz de assegurar maior velocidade em processos de produção, impactando positivamente as relações sociais e os processos organizacionais.
Sabe-se que há um temor justificado, sobretudo nas autoridades encarregadas de comandar a realização das eleições brasileiras, por haver fortes indícios de que maus políticos, no afã do vale-tudo, estão sempre dispostos a pregar peças. Uma delas é usar a IA para atingir, de forma manipulada, a honra e a imagem de adversários, contaminando o processo eleitoral, ao ponto mesmo de até alterar ou antecipar resultados eleitorais.
Pontos positivos
Mas se isso ocorre, o outro lado da questão é bastante animador. Novas soluções, mais modernidade e velocidade, portanto, maior democratização de muitos serviços públicos e de ganhos para empresas, podem ser obtidos pelo uso da Inteligência Artificial. E é isso que muitas empresas brasileiras já vêm fazendo. Um levantamento recente mostra que cerca de 74% de micro, pequenas e médias empresas nacionais já fazem significativos investimentos em tecnologia, com uso da IA, um aporte que parece já estar definitivamente incorporado ao mercado.
Em países latino-americanos esse percentual de uso sobe para 80%. Um estudo denominado Inteligência Artificial na América Latina 2023, elaborado pela NTT DATA em parceria com o MIT Tech Review, mostra que entre as empresas sem projetos de IA, 17,5% têm planos para começar em um ano e apenas 3,3% não têm planos para utilizar a tecnologia. O crescimento desse uso, no ano passado, foi de 23% na comparação com 2022. No Brasil, esse percentual de uso, de 74%, em 2023, era de apenas 58% em 2020.
Investimentos em IA
Em termos de investimento, o estudo mostrou que 9% das empresas pesquisadas pretendem investir entre 11% e 15% do orçamento de tecnologia em inteligência artificial e 10% das empresas, acima de 15%. Em entrevistas qualitativas realizadas presencialmente para o estudo, os executivos destacaram que a adoção da IA abrange funções, métodos e processos em toda a organização, promovendo uma abordagem integrada e sistêmica para sua adoção. Há um consenso de que o investimento continuará expressivo nos próximos anos.
Uso pelo governo federal
Essa realidade é tão marcante e presente, que vários setores do Governo Federal vêm adotando a Inteligência Artificial em seus processos, como faz agora o Ministério do Desenvolvimento Social, que acaba de anunciar a aplicação da IA para fazer um pente fino no programa Bolsa Família, com a finalidade exclusiva de retirar, sem risco de erro, pessoas que tenham sido colocadas indevidamente no programa e estão ocupando, sem direito ou necessidade, o lugar de quem passa fome.
Outro segmento governamental que vem trabalhando a IA é a Receita Federal, que introduziu o atendimento robotizado (chatbot), para auxiliar os contribuintes sobre dúvidas relacionadas com a declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física, iniciado nesta semana. Batizado de “Leo”, o robô da Receita nasceu em 2021, usando inteligência artificial para responder aos contribuintes sobre temas de responsabilidade desse órgão, como encomendas internacionais e acesso a sistemas aduaneiros, por exemplo. Em 2024, o robô passou a tratar também de temas relacionados ao Imposto de Renda.