José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Exclusivo Os 200 mil mortos nas guerras em 2024 elevam tensões sobre a Europa

O ano de 2024 foi trágico para o mundo no que diz respeito aos conflitos armados

O ano de 2024 foi trágico para o mundo no que diz respeito aos conflitos armados dominantes em diversos países, que deixaram um saldo de mais de 200 mil pessoas mortas e uma infinitude de danos materiais irreparáveis. Em face dessa constatação, autoridades europeias estão repetindo agora, quando começa novo ano, apelos para a necessidade de o Continente se preparar para conflito mais amplo, com características regionais, uma possibiloidade que está sendo considerada com enorme temor.

A escalada da guerra entre Ucrânia e Rússia, com renovados ataques de ambos os lados e o uso cada vez mais frequente de armas mais poderosas, tem levado governantes de vários países europeus a orientar suas populações para que busquem meios de proteção, o que está sendo visto principalmente na Alemanha e na Espanha, com moradores começando a localizar "bunkers" para abrigo.

Essa preocupação aumentou a partir de 25 de novembro, quando um oficial da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) orientou empresas europeias a se prepararem para um cenário de guerra continental, ajustando suas linhas de produção e distribuição, de modo a preparar-se para um provável desabastecimento futuro, o que seria bastante danoso às populações. O temor dessa autoridade é que, no caso de um conflito armado generalizado na região, essas populações fiquem vulneráveis a pressões e chantagens dos Estados Unidos, Rússia e da China.

Os alertas feitos pela autoridade da OTAN orientam sobretudo para abastecimento de produtos e serviços essenciais,  como fornecimento de energia, água, metais raros e medicamentos. A própria OTAN reitera que numa situação como essas, seria inocência imaginar que americanos, russos e chineses não usem essas dependências como vantagem e massa de manobra sobre populações em dificuldades.

E como governos europeus foram quase unânimes no apoio à Ucrânia na guerra iniciada pela Rússia, com apoio financeiro e armamentista sobretudo vindo de Alemanha, Reino Unido, Espanha, Itália, Suécia e França, as mais recentes declarações de Valdimir Putin, da Rússia, de que os russos se "consideram no direito de usar nossas armas contra bases militares nesses países que permitiram o uso de armas contra nossas bases".

Essa declaração, feita em 21 de novembro, poucos dias antes do alerta do autoridade da OTAN, acendeu o sinal vermelho entre os governantes europeus, que passaram a considerar o sinal russo como uma ameaça real.

Governos europeus sabem e agora reconhecem que desde o começo da guerra entre ucranianos e russos vários desses países  já ultrapassaram diversas "linhas vermelhas" da Rússia,  fornecendo tanques, sistemas de mísseis avançados e caças F16 à Ucrânia. E as "consequências" citadas pelo Kremlin nunca se materializaram.

Agora, porém, vários países europeus viraram o ano já envolvidos com preparação para um possivel avanço da guerra Ucrânia X Rússia, transformado em conflito regional, e quase todos estão direcionando seus organismos técnico/militares a localizarem áreas de risco, temendo que as populações sejam diretamente afetadas. Em novembro ainda, milhões de suecos começaram a receber panfleto que orienta a população sobre como se preparar e como atuar em caso de guerra ou outras crises inesperadas. 

O vice-chefe do Estado-Maior do Reiono Unido, Rob Magowan, disse numa audiência em comitê do Parlamento que as forças britânicas estão prontas para atuar caso Putin decida por em prática sua ideia de atacar qualquer país europeu. E disse: "se o exército britânico recebesse um pedido para lutar esta noitre, eu lutaria."

O ano de 2024 firmou-se para a história como o palco da maior quantidade de conflitos armados no mundo, com larga vantagem sobre qualquer comparativo. Foram nada menos do que 134 guerras e outros conflitos, entre 01 de julho de 2023 e 30 de junho de 2024, conforme aponta relatório da Pesquisa de Conflitos Armados - IISS204. Tal escalada resultou na morte de mais de 200 mil pessoas, a maioria crianças e mulheres, com gigantesca extensão em Gaza, em território palestino, atacado de maneira feroz e indiscriminada por Israel. 

Trata-se do maior número de vítimas em conflitos nos últimos anos, um fato agravado ainda pelo altíssimo índice de refugiados,  pessoas deslocadas de suas casas por conta das guerras. De acordo com agências da ONU, o mundo tem hoje mais de 43 milhões de refugiados e quase 80 milhões de pessoas deslocadas dentro de seus países.

O relatório do IISS reconhece a existência de 134 conflitos pelo planeta, dados compilados originalmente pelo Peace Research Institute Oslo – um dos números mais altos dos últimos 30 anos.

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