José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Pesquisa Quaest contém lições que o poderoso mercado precisa aprender

O índice de aprovação pessoal de Lula na condução do governo cresceu de 50% em maio para 54% em julho, enquanto a desaprovação caiu de 47% para 43%

Os indicadores revelados ontem por mais uma rodada da pesquisa Genial/Quaest em relação à aprovação ao Presidente Lula e ao seu Governo, têm alguns pontos de reflexão bastante interessantes.

O primeiro está no crescimento do índice de aprovação pessoal a Lula na condução do Governo, crescendo de 50%, em maio, para 54% em julho, entre aqueles que consideram positivo seu trabalho. A desaprovação entre maio e julho recuou de 47% para 43%, daí tendo 11 pontos percentuais separando o positivo do negativo.

Há um detalhe muito curioso nesse crescimento da avaliação pessoal do Presidente, se confrontarmos com a leve percepção dos entrevistados de que a economia do país piorou nesse período.

E a explicação para isso vem da análise dos próprios números da  pesquisa. A imensa maioria dos entrevistados, ou mais precisamente 66%- refletindo o sentimento da população-, está do lado de Lula, concordando literalmente com os duros ataques que o Presidente da República tem feito às elevadas taxas de juros determinadas pelo Banco Central.

Os entrevistados na pesquisa Genial/Quaest reprovam, portanto, os movimentos dos agentes do mercado financeiro, dos analistas do sistema e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que trabalham para manter elevadas as já escandalosas taxas Selic, de 10.5% ao ano, numa demonstração de que esses atores desconectados com a realidade querem a ver taxas ainda mais altas até o fim de 2024.

Nesse particular, há um outro ponto muito expressivo, cuja leitura política é obrigatória e tem peso irrefutável. Entre os pesquisados que se consideram bolsonaristas, ou seja, eleitores do ex-Presidente da República, 51% apoiam as críticas de Lula aos juros altos, e apenas 36% discordam desse posicionamento.

Fica claro que esses resultados refletem a percepção, o sentimento, das pessoas na rua, das famílias em seus lares e nas suas práticas e necessidades de consumo, independentemente de escolha política ou compromisso ideológico.

Um outro resultado, também ontem revelado pelo IBGE, relativo à inflação, diz bem dessa percepção dos eleitores pesquisados, até mesmo daqueles que votaram no principal adversário de Lula. O índice inflacionário do mês de junho de 2024 ficou em 0,21%, ante uma alta de 0,46% apurada no mês anterior, e abaixo da expectativa do tal mercado, que esperava elevação de 0,32%.

Ora, se todo o falatório do mercado e de seus aliados era para dizer que juros mais baixos, melhoria de renda e aumento de consumo são um risco para elevação da inflação, aí está dado o recado, fazendo-os calar a boca ou mudar de estratégia.

A inflação, mais uma vez, está em queda, como há muito não acontecia. E a população, cujo sentimento é recolhido nessa pesquisa, demonstra saber das coisas, porque é ela que sente na pele, recebe no bolso e no estômago os impactos dos juros elevados, da falta de emprego, dos baixos salários, das dificuldades para consumir, da falta de oportunidade.

E sabe, também, que juros altos não rodam a economia, não trazem comida no prato, mas servem, vergonhosamente, para encher os cofres dos que já são muito ricos e que engordam todo dia fazendo especulação financeira e/ou mandando dinheiro para os paraísos fiscais do exterior.

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