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Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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PGR e TCU unem-se ao STF para conter práticas irregulares do Congresso

Isso ocorre depois de anos de estrago praticado por parlamentares na utilização dos recursos públicos da União

Estão chegando, até que enfim, notícias alentadoras de que não apenas o Supremo Tribunal Federal, mas também, agora, a Procuradoria Geral da União e o TCU começam a dedicar atenção especial na busca de conter a fúria do Congresso sobre o orçamento brasileiro. 

Isso ocorre depois de anos de estrago praticado por parlamentares na utilização dos recursos públicos da União.

Uma soma espantosa de dinheiro que estava destinado a obras e serviços essenciais de interesse da população em cada município do país, foi tomada por deputados e senadores através do chamado orçamento secreto, sem os mínimos critérios de transparência e decência.

O STF, sob a mãos poderosas do Ministro Flávio Dino, já vinha se dedicando a destrinchar essa armação dentro do Congresso, diante das notícias de que o tal “orçamento secreto”, proibido pela própria Corte em dezembro de 2022, continua vivo, sendo praticado especialmente na Câmara Federal, em pleno desrespeito ao veto estabelecido.

Ainda ontem, a PGR, por iniciativa do próprio procurador-geral, Paulo Gonet, e o Tribunal de Contas da União deram entrada no STF a uma ação contra a utilização pelas duas Casas do Congresso das “emendas Pix”, que na realidade constituem uma nova e sofisticada forma de “orçamento secreto”, pois mantém a mesma falta de transparência na destinação de recursos públicos do orçamento da União.

Essa sistemática introduzida na Constituição através de PEC, no governo passado, permite a destinação de recursos federais a Estados e Municípios por meio de emendas parlamentares impositivas ao Projeto de Lei Orçamentária da União, sob a forma de transferência especial, sem a necessidade de convênio para controle de execução orçamentária.

Dessa forma, as emendas Pix também dispensam a necessidade de indicação específica de programa, projeto ou atividade a serem beneficiados pelos valores financeiros liberados, suprimindo a competência do TCU para fiscalização dos recursos federais. É deste modo, igualzinho ao que era feito no orçamento secreto, que impera a ausência de transparência, quando não se sabe o nome do parlamentar que indicou a emenda e deixa poder exorbitante nas mãos dos relatores nas duas Casas.

Conforme a manifestação do próprio procurador-geral, Paulo Gonet, essa prática do Congresso resulta em total perda de transparência, publicidade e rastreabilidade dos recursos orçamentários federais, além de violar diversos princípios constitucionais, como o pacto federativo, a separação dos Poderes e os limites impostos pela própria Constituição.

A Procuradoria-Geral da República pede ao STF a suspensão imediata do uso das emendas Pix, até que a Suprema Corte julgue o mérito da ação.

Ao se referir que os projetos de lei relacionados ao orçamento são de iniciativa exclusiva do Presidente da República, com responsabilidade atribuída ao Poder Executivo, o procurador-geral deixa claro que o Congresso brasileiro está usurpando escancaradamente o orçamento da União, uma atitude sobre a qual vários cientistas políticas e analistas da realidade político-administrativa do Brasil têm alertado.

Um desses alertas veementes foi feito cientista político Sérgio Abranches, que tem reiterado a sua sensação de que o “Presidencialismo de Coalizão”, que ele batizou após a promulgação da Constituição de 1988, “chegou ao pior dos mundos”, ante a usurpação plena que o Congresso fez sobre o orçamento da União.

A hora de acabar com esses desvios e irregularidades é agora. Ou nunca.

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