Se formos olhar para a realização de pesquisas de opinião pública realizadas nesse período pré-eleitoral, vamos constatar que o Piauí transformou-se no Estado brasileiro de maior disputa política entre candidatos às eleições deste ano, e também de maior envolvimento do eleitorado com o pleito. Isso porque, dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral mostram que dos 3.604 levantamentos registrados no TSE até dia 29 de julho, nada menos do que 430 foram de pesquisas realizadas no Piauí. Isso corresponde a 11,93% do total de consultas realizadas no país.
Para que se tenha uma ideia da grandeza que isso representa, o segundo Estado brasileiro que mais contratou pesquisa eleitoral foi São Paulo, com 388 registros no TSE, seguido de Goiás, com 380. Embora São Paulo, o maior e mais populoso Estado brasileiro, com seus 645 municípios, registre uma quantidade apta a votar de 34.403,609 eleitores, o Piauí, com seus 224 municípios tem oficialmente 3.271,199 eleitores. Ainda assim, o Piauí realizou 42 pesquisas a mais do que todas as que foram executadas no Estado de São Paulo.
E estamos tratando aqui da movimentação de partidos e candidatos no período de pré-campanha, uma vez que pela legislação eleitoral vigente, a campanha em si, de modo oficial, só começa neste dia 5 de agosto, segunda-feira. Se o Piauí mantiver esse ritmo exposto nessa fase inicial, antes mesmo das convenções partidárias, estará certamente criado um fenômeno que precisará ser estudado e explicado pela ciência política.
Assim, disparado na liderança nacional, o Piauí ganha outros aliados no Nordeste. Entre os dez Estados que mais contrataram e realizaram pesquisas eleitorais neste ano, cinco estão na região nordestina. Somam-se aos piauienses, nesse ímpeto alvoroçado , chega ao Rio Grande do Norte, o quarto em contratações, com 249 pesquisas, a Bahia, com 238, Pernambuco, com 217 e Maranhão, com 216.
Se compararmos essa performance do Piauí com o Estado de Minas Gerais, por exemplo, veremos que para ouvir a manifestação eleitoral e saber das preferências dos seus 16.469,199 eleitores, Minas contratou até agora 183 pesquisas, enquanto o Piauí, com seus 2.698.764 votantes, contratou e realizou 247 a mais consultas que os mineiros.
E chama atenção alguns detalhes. No total das 430 pesquisas executadas, partidos e pré-candidatos piauienses ouviram 189.408 eleitores, a um custo total de R$2.648.729,40. Já São Paulo, com seus 388 levantamentos, ouviu 262.853 pessoas, com um custo final de R$7.430.517,80. O custo unitário por pesquisado no Piauí é de R$13,98, enquanto em São Paulo é mais do dobro, ou R$28,26. O maior custo unitário por pesquisado no Nordeste, vem do Estado do Ceará, de R$33,26, onde foram realizados apenas 31 levantamentos em todo esse período até 29 de julho. Entre todas as unidades da Federação, contudo, o maior custo unitário por pesquisado está no Rio de Janeiro, que é de R$34,51.
Entre os grandes Estados brasileiros, o Rio Grande do Sul é o que menos realiza pesquisa eleitoral. Apenas 12, ou menos de 0,28% de tudo que foi feito no Piauí. As pesquisas eleitorais podem ser bancadas com recursos próprios de partidos e candidatos ou por recursos do fundo eleitoral.
Há de se ficar de olho, por duas razões. Uma, relativa aos fundos, porque se trata de recursos públicos. Outra, porque saindo do bolso de cada interessado na eleição, pode resultar em domínio econômico do que pode mais sobre o que menos pode.