José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Exclusivo Proposta do governo já tem oposição dos que são contra taxar grandes fortunas

As reações do mercado às medidas de contenção de gastos e geração de receitas já começaram

As reações do invisível e temeroso mercado às medidas de contenção de gastos e geração de receitas, que vieram acompanhadas do anúncio de alguns benefícios aos trabalhadores e à classe média brasileira, propostas ontem à noite pelo ministro Fernando Haddad, não apresentam grandes surpresas.

Não é novidade o nariz torto que os interlocutores do sistema financeiro apresentam a ideias que fogem aos seus interesses de lucro, como essa de tornar todos os brasileiros e brasileiras que ganhem até R$ 5 mil isentos do pagamento do imposto de renda. 

Os mandatários da Faria Lima, palanque central do mercado, não gostam desse desejo antigo de Lula de ver o trabalhador pagando menos imposto, daí a razão do barulho todo que fazem, criando  um recorte dentro de todo o pacote de medidas, para fazer realçar que essa isenção vai custar aos cofres públicos R$ 45,8 bilhões em um ano.

Embora o alcance dessa isenção até R$ 5 mil possa beneficiar 36 milhões de contribuintes e que esse imenso universo representa 78,2% dos 46 milhões de contribuintes do país, os interlocutores do mercado não querem conversa.

E por serem contrários à medida por maior que seja o caráter social que ela contenha, eles vão pra cima do governo, sob efervescente pressão junto ao Congresso e à opinião pública, para plantar o medo  de que isentar tantas pessoas vai gerar queda na arrecadação, levando o governo a mais desequilíbrio orçamentário, impedindo-o de cumprir as metas fiscais.

E já começam a todo vapor a trabalhar nessa tese, ignorando todo o conjunto da obra, porque sabem que no meio parlamentar, onde não há compromisso com as causas sociais, mas, ao contrário, uma submissão avassaladora aos interesses econômicos do mercado, o ambiente é muito favorável a uma derrota governamental.

Tentam esconder simplesmente que de fato o que está no fundo dessas reações negativas às propostas ontem apresentadas pelo ministro Fernando Haddad, tem nome e endereço certos, com CEP bem definido: a taxação das grandes fortunas.

As medidas sugeridas, dependerão de aprovação do Congresso à proposta de emenda constitucional a ser proximamente encaminhada para análise. No detalhamento da proposta, está lá que o governo vai recolher impostos sobre quem ganha mais de R$ 600 mil por ano, ou R$ 50 mil por mês, partindo de um percentual mínimo de 10%. Com todas as medidas, o Governo conta arrecadar R$ 70 bilhões.

Taxar as grandes fortunas, fonte amarga de sustentação da perversa desigualdade social e econômica que castiga e sufoca a grande maioria dos brasileiros, tem sido uma marca perseguida por Lula em suas campanhas eleitorais e buscada nos seus objetivos de gestão à frente da Presidência.

Mas sabem Lula e Haddad que não será tarefa fácil. Os rentistas nacionais, aqueles que abarrotam seus cofres e abastecem os esquemas financeiros em paraísos fiscais, não deixarão passar isso com nenhuma facilidade. 

Dispostos, como sempre fazem, a exercer domínio suspeito sobre parlamentares e a subsidiar um modelo de imprensa tradicionalmente a seu favor e em desprezo dos que mais necessitam, vão lutar com unhas e dentes para que, mais uma vez, deputados e senadores sepultem qualquer intenção mais socializante, protetora dos trabalhadores e de populações vulneráveis.

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