Na COP28, iniciada nesta sexta-feira (30) em Dubai, nos Emirados Árabes, a Cúpula do Clima da ONU fez o anúncio de que serão destinados cerca de US$ 420 milhões para apoiar países afetados pelo aquecimento global. A notícia é ao menos risível, não apenas pelo tamanho da oferta, mas pelo histórico de anúncios desse tipo, envolvendo destinação financeira, feito por dirigentes das nações mais ricas do mundo.
Basta lembrar o que esses líderes mundiais colocaram no papel, com direito a suas assinaturas, no velho Acordo de Paris, celebrado em 2015, no qual se comprometeram a mandar para esses mesmos países vulneráveis, com essa mesma finalidade, nada menos do que US$ 100 bilhões anuais e nunca mandaram um centavo. Então, os propósitos e as práticas são bastante conhecidas, sobrando razões para duvidar.
No detalhamento dos valores que caberão a países ou grupo de nações dentro desse anúncio de US$ 420 milhões feito ontem, vemos que à União Europeia ( na soma de todos os países integrantes) caberá enviar US$ 246 milhões, mais US$ 100 milhões viriam dos Emirados Árabes. E, pasmem, os Estados Unidos da América assumirão o pesado encargo de contribuir para o equilíbrio climático mundial com US$ 17,5 milhões. Isso mesmo, 17,5 milhões.
Passemos agora à dramática e vergonhosa realidade, diante de um planeta que está derretendo pela elevação crescente das temperaturas, com as consequências gravíssimas que todos estamos vendo acontecerem a cada dia, em todas as partes da terra.
Sabem quando os países ricos gastam anualmente com as guerras?
Apenas no ano de 2022 os investimentos mundiais com gastos militares, sobretudo com armamentos destinados à guerra da Ucrânia e Rússia somaram o escandaloso valor de US$ 2,24 trilhões, conforme levantamento produzido Instituto Estocolmo para a Paz Mundial (SIPRI). Os Estados Unidos representam 39% de todo o gasto militar do mundo, ostentando uma despesa de US$ 877 bilhões, para apresentar ao planeta o seu poderio, alimentando diretamente guerras prolongadas, como faz com Ucrânia e Rússia e agora com Israel e Palestina.
E o Estado de Israel, que está nessa guerra insana contra os palestinos, com apoio explícito dos EUA, é o 14º país do planeta que mais investe em arsenal militar, com um gasto, em 2022, de R$ 23,4 bilhões, o equivalente a 4,5% do total do seu Produto Interno Bruto(PIB), presumindo-se, com bastante segurança, que os gastos neste ano de 2023 serão consideravelmente ultrapassados, pois a guerra que Israel sustenta contra os palestinos, com massacre indiscriminado na Faixa de Gaza, apenas começou em 7 de outubro deste ano.
Recentemente, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen fez uma declaração importante, durante uma exposição em Marrakech: “Os apoios an Israel e à Ucrânia são “prioridade absoluta” para Washington”.
Ela está dizendo a verdade, sem esconder de ninguém quais são os reais interesses norte-americanos. Como dona do cofre, aliás, ela transmite uma realidade técnica: Os EUA têm robusto orçamento militar, daí poderem gastar sem medidas. Para o clima, para conter as desgraças que estão acontecendo e vão se acelerar com o agravamento do desequilíbrio climático, isso aí não tem orçamento. Daí, ser impossível gastar com isso. Até porque, os gastos feitos com arsenais de guerra de alguma forma voltam para os Estados Unidos, na forma de venda de equipamentos, de armas, de estratégias militares. Os EUA são os maiores produtores de armas do planeta terra.
E o que o clima pode oferecer de retorno?
Pelo visto, só chamas e cinzas, além de florestas no chão, água sumindo dos reservatórios e milhares de corpos sendo jogados no curso das tragédias, vítimas de queimadas, ciclones, terremotos, inundações, deslizamento de terras.
Eis a cruel realidade, para a qual o mundo parece de fato ter fechado olhos e ouvidos.