Por Sávia Barreto
O fato do suplente de deputado federal José Maia Filho, o Mainha, ter sido indicado pelo Progressistas para ocupar a pasta de Meio Ambiente no Governo estadual e o governador Wellington Dias (PT) ter declinado da indicação e optado por contemplar a deputada federal Margarete Coelho, também do Progressistas, gerou reação na cúpula da legenda. O presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira, convocou uma reunião para segunda-feira, 06, justo no dia em que Wellington dará posse aos novos secretários. Na pauta estão as eleições 2020 e 2022.
Fontes do Progressistas ouvidas pelo blog Primeira Mão traçam o seguinte contexto: o partido já se sentiu desprestigiado pelo governador três vezes, sendo a primeira com a rejeição de Margarete para continuar como vice de Wellington Dias, a segunda com a falta de apoio para o deputado estadual Hélio Isaías na disputa pela presidência da Assembleia Legislativa do Piauí e a terceira com o comando rejeitado na secretaria estadual de Saúde, que manteve Florentino Neto - uma indicação de parte do PT. A rejeição a Mainha foi a cereja de um bolo de desconfianças.
Sádia Castro, irmã de Margarete, é um nome técnico e político. Com experiência acadêmica na área de Meio Ambiente, ela também é cunhada de Hélio Isaías. O deputado ainda indicou o secretário de Transportes, Manoel Aquino. Como Margarete já vai indicar para o cargo federal a superintendência do Ibama no Piauí, fontes do Progressistas compreendem que não cabia à deputada um espaço no secretariado estadual. Ou seja, os deputados federais indicam cargos federais, e os estaduais apontam os secretários. Se Margarete pode indicar para a Semar, então a deputada federal Iracema Portella, do Progressistas, também teria direito a algum espaço no secretariado?
Além disso, o motivo alegado para barrar Mainha não convenceu o Progressistas. A família de Mainha é tradicionalmente de oposição e o suplente rompeu com os parentes politicamente justamente para apoiar Wellington Dias. Com mais de 60 mil votos nas eleições de 2018, os Progressistas acham injusto que ele não tenha tido um espaço significativo sequer.
O partido sente que o governador quer o apoio do Progressistas mas não confia nele. Os motivos são eleitorais. Se a sigla se fortalecer com espaços no Governo, naturalmente também estará fortalecida numa disputa eleitoral. Ciro deve marchar com o prefeito Firmino Filho e o candidato tucano em 2020. Em 2022, a legenda também já bateu o martelo que terá candidato próprio, enquanto o governo pode buscar a reeleição da vice-governadora Regina Sousa (PT) - caso Wellington Dias se afaste para disputar o Senado no futuro - ou apoiar o senador Marcelo Castro, que busca se viabilizar pelo MDB.