Por Sávia Barreto
Tirando uma ou outra lista de doações de empresários correndo em grupos de Whatsapp no Piauí, há um vazio de ação da sociedade civil organizada em meio a quarentena e medidas para combater a disseminação do coronavírus. É hora de entidades jurídicas, médicas, igrejas e centros religiosos, sindicatos, associações patronais e demais instituições da sociedade piauiense colocarem a mão na consciência e no bolso para ajudar através de doações não a Prefeitura de Teresina ou o Governo do Estado, mas ao povo, que tem menos escolaridade e quase nenhuma reserva financeira para aguentar a recessão que virá.
Quem pode mais, contribui com mais. É assim nos países mais desenvolvidos, e é essa a lição que deveríamos aprender. Ressalta-se que os governos têm papel primordial para estancar a crise não só na saúde pública como nas finanças e cobrar atuação das associações em nenhum momento retira a responsabilidade estatal. Quem conhece os cofres do Governo do Estado e da prefeitura de Teresina sabe que sem suporte do Governo Federal e sem o espírito coletivo da sociedade civil para socializar os sacrifícios desse difícil momento que se passa, todos - ricos e pobres - pagarão o preço no final das contas do desemprego e da convulsão social.
SÓ NO WHATS NÃO BASTA
Sabe-se que em alguns países onde o liberalismo é a raiz da vida em sociedade, as entidades civis exercem o papel que o Estado mínimo não foi desenhando para ocupar. Nos Estados Unidos, igrejas e grupos organizados atuam sob o pilar da solidariedade conjunta e autoadministração com a visão de que um coletivo saudável social e economicamente, permite a cada sujeito exercer sua liberdade individual de forma plena. Como exemplo, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou o risco do coronavírus no início da pandemia, milhares de sindicatos e organizações patronais, religiosas e esportivas – mantidas com serviços e doações de seus membros – atuaram para voluntariamente modificar eventos e projetos visando minimizar a disseminação do vírus.
PELO BEM DE TODOS
O Brasil tem outra história política, mas não é pedir demais que nesse momento em que todos precisam se sacrificar, que nossas entidades – das igrejas aos grandes sindicatos e associações comerciais - também assumam algum protagonismo em meio a recomendações contraditórias dos entes governamentais e total cenário de insegurança financeira da população de um país já tão desigual. O mundo precisa ser reconstruído e que a base dele seja desde já a cooperação. Em outras palavras: doar alimentos, kits de limpeza e buscar saber que gargalos se sobressaem na máquina pública não é caridade, é racionalidade.