Por Arimatéa Carvalho
O presidente da Aprosoja, Alzir Neto, disse no domingo (6) que o Piauí será o estado mais afetado do Brasil com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Isso porque o agronegócio precisa dos fertilizantes russos e bielorussos, hoje impedidos de chegar ao país devido a restrições econômicas e fechamentos de corredores de logística.
Mas os demais estados do agro brasileiro também dependem de fertilizantes, então qual o problema extra do Piauí? Alzir explica: "Se para estados como Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso, a Guerra na Rússia, que afeta diretamente o fornecimento de fertilizantes, pode gerar aumento no uso dos fertilizantes de origem biológica, no caso do Piauí a substituição total ainda é impossível e o agronegócio do estado pode ser o mais afetado do país".
DEPENDÊNCIA DE 80%
Os principais fornecedores de potássio estão justamente na região de conflito. “O Piauí, digo com segurança que importamos em torno de 80% dos fertilizantes utilizado na soja. Tudo isso vem através do terminal de grãos nordeste no Porto de Itaqui e é preocupante a situação”, explica. Segundo o Ministério da Agricultura, nacionalmente a dependência é de 93%.
Apesar dos estudos e do avanço na substituição das fontes de defensivos e fertilizantes químicos paras as biológicas, que inclusive já existem no Cerrado do Piauí, a idade de cultivo das áreas piauiense, recente, não permite que essa substituição se dê ainda em larga escala.
As regiões do Paraná, Rio Grande do Sul e o próprio Mato Grosso tem a vantagem de serem regiões com mais de trinta, até setenta anos de cultivo e podem trabalhar no contexto do plantio direto. “Um sistema que permita diminuir, às vezes até mesmo não colocar o adubo. Aqui no Piauí isso é impossível”, explica o produtor.
PLANO B
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou que até o final de março o Governo Federal deve entregar um plano de trabalho cujo objetivo é diminuir a dependência do agronegócio nacional das importações de fertilizantes russos, estimulando a fabricação nacional. Não só a soja está sendo afetada. Da mesma área do conflito também são importados os nitrogenados, que impactam mais a cultura do milho.